segunda-feira, 14 de julho de 2014

Memorial dos Pretos Novos - Rio de Janeiro - RJ

Imagine comprar uma casa e, ao fazer uma reforma, descobrir que ela foi construída sobre um cemitério de grande valor histórico e arqueológico. Pois foi exatamente o que aconteceu com o casal Petrúcio e Maria De La Merced Guimarães em 1996, ano em que adquiriram o imóvel localizado na Rua Pedro Ernesto e descobriram que o mesmo fora construído sobre o antigo Cemitério dos Pretos Novos.

A existência deste cemitério era conhecida há mais tempo pelos historiadores, mas sua localização exata havia se perdido devido aos sucessivos aterros e alterações na paisagem urbana no local, daí a importância da descoberta feita pelo casal.

A área situada onde hoje fica o bairro da Gamboa destinava-se a receber os corpos daqueles que não resistiam à fome, doenças e maus tratos a que eram submetidos os cativos, desde sua captura na África até serem vendidos no mercado do Rio de Janeiro. Na verdade o terreno era apenas mais uma instalação da complexa infraestrutura montada para dar suporte ao lucrativo comércio escravagista e funcionou de 1769 até 1830, ano em que foi oficialmente proibido o tráfico de escravos. Estima-se que neste perído, em torno de 30 mil pessoas tenham sido depositadas anonimamente ali. Para saber mais sobre o tema, veja o post sobre o Cais do Valongo, clicando aqui.

Memorial preserva a memória dos ancestrais africanos

Hoje a antiga residência abriga um memorial, integrante do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos - IPN e se propõe a estimular uma reflexão sobre o passado escravista brasileiro através de exposições permanentes e temporárias, cursos, palestras e oficinas.

Sala da exposição permanente.

Fotografias de escravos em grande formato personificam as vítimas anônimas da escravidão e painéis espalhados pelas paredes contam um pouco desta história. Em 2012 foram inauguradas aberturas no piso, protegidas por pirâmides de vidro, que permitem ao visitante ver o solo do antigo cemitério ainda com alguns vestígios das ossadas ali depositadas.

Obra integrante da mostra Papel de Seda.

Em paralelo à exposição permanente há uma galeria onde artistas da atualidade expões obras de arte contemporâneas de temática variada.


Estrutura aparente permite ver as técnicas de construção utilizadas no passado.

Preservação da memória é o foco principal.

Memorial dos Pretos Novos

Rua Pedro Ernesto, 36 - Gamboa, Rio de Janeiro - RJ
Telefone: (21) 2516-7089
E-mail: pretosnovos@pretosnovos.com.br
Horário: Terça a sexta, das 13 as 19 horas
Entrada franca


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