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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Blogagem Coletiva #MuseumWeek 2017 - Museo de Arte Precolombino - Cuzco - Peru

MuseumWeek - ou semana dos museus - é um evento online internacional cujo objetivo é celebrar e mostrar a cultura sob vários aspectos durante 7 dias, 7 temas e 7 hashtags! Este ano ocorrerá de 19 a 25 de junho e pretende promover o debate e o compartilhamento de temas apaixonantes nas redes sociais, utilizando hashtags dedicadas a cada evento. Na edição de 2016 houve um engajamento maciço do público: em uma semana 664.000 tweets foram vistos por mais de 294 milhões de vezes!

É claro que algo dessa magnitude rolando na rede só é possível com o engajamento de diversos setores, como é o caso dos blogueiros de viagens. Por isso a Rede Brasileira de Blogueiros de Viagens - RBBV está organizando uma blogagem coletiva para contribuir para o sucesso do evento, bem como dar oportunidade para que cada membro participante fale um pouco sobre seu museus favorito.

Este ano o post do Gastando Sola Mundo Afora será sobre o Museo de Arte Precolombino - MAP, um pequeno museu localizado em Cuzco, no Peru, que tivemos a oportunidade de visitar em 2016.

Sobre o museu


O MAP é o primeiro e único museu peruano dedicado à arte das antigas culturas do país. As peças aqui expostas pertencem ao acervo do Museo Larco, de Lima, mundialmente conhecido por abrigar verdadeiros tesouros da arte pré-colombiana e foram selecionadas de modo a retratar de forma didática a contribuição de cada povo ancestral na construção da cultura peruana no período anterior a chegada dos colonizadores.

É interessante ressaltar que a sede do museu é um antigo casarão colonial conhecido como Casa Cabrera. O prédio foi totalmente restaurado e é por si mesmo uma síntese da história arquitetônica da cidade, uma vez que nele são visíveis os vestígios do muro incaico sobre o qual foi construído, bem como os típicos balcões que dão para o pátio interior. Sua localização em frente a uma pequena praça serve para realçar seu aspecto imponente e ao mesmo tempo acolhedor.

A visita


Cheguei ao Peru no dia 04 de junho de 2016 com o objetivo de realizar a Trilha Salkantay dali a três dias, prazo mínimo recomendado para aclimatação com a altitude. No dia seguinte a minha chegada, para aproveitar o tempo livre, havia planejado visitar o Museo del Inca e o Monastério de Santa Catalina de Sena pela manhã - para a tarde já havia contratado um city tour. Entretanto, nesse dia ocorreram as eleições presidenciais no Peru e tanto um como outro estavam fechados devido ao processo eleitoral. De mapa em punho saí perambulando pelas estreitas ruas de Cuzco em busca de fotos como forma de passar o tempo. Até que, não muito longe da Plaza de Armas, deparei-me com uma pequena praça, encimada por um belo casarão no estilo colonial espanhol. E que era um museu! E que estava aberto!!

Sem me fazer de rogado, aproveitei a oportunidade e entrei para conhecer o Museo de Arte Precolombino da cidade.

Colar de conhcas

Alfinetes para fixar poncho

Os habitantes do Peru pré-colombiano foram hábeis artesãos, que souberam colocar beleza mesmo nos objetos mais simples e cotidianos. Estes alfinetes representam diversos tipos de aves características da região e foram trabalhados com extrema precisão, apesar de seu diminuto tamanho.

Cabeza de Porra - ponteira de porrete, feita em cobre

Mesmo na elaboração de armas é possível constatar a habilidade no trabalho em metal dos antigos peruanos.

Galeria de trabalhos em madeira

Veado antropomórfico - vasilha de cerâmica 

Os Moches foram uma das civilizações que dominaram o território peruano antes da chegada dos colonizadores espanhóis. Deixaram como vestígio de sua passagem obras em cerâmica de alto valor estético e fino acabamento, como a peça retratada acima.

Condor - vasilha em cerâmica

Esta vasilha sintetiza aspectos da cultura Chimú, agregando detalhes nitidamente Incas, evidenciando a expansão do império cuzquenho rumo à costa norte peruana.

Galeria de arte colonial

Museo de Arte Precolombino


Endereço: Plazoleta Nazarenas 231, Cusco, Peru;
Site: http://map.museolarco.org/
Ingresso: N$ 20,00 (aproximadamente R$ 24,00);
Horário: aberto de segunda a segunda, das 09:00 às 22:00;
Telefone: +51 84 233210.

Fontes


#MuseumWeek 2017 is coming! Disponível em http://museum-week.org/en/7-days-7-themes-7-hashtags/. Acessado em 30 de maio de 2017.

MAP - Museo de Arte Precolombino. Disponível em http://map.museolarco.org/. Acessado em 30 de maio de 2017.


Membros da RBBV participantes da #MuseumWeek2017


1) Trilhas e Cantos: Museu Casa dos Contos, em Ouro Preto, Minas Gerais;
2) Tá indo pra onde?: Museus e experiências além do básico em Barcelona;
3) Mariana Viaja: National Gallery of Art, em Washington;
4) Turistando.in: Visitando o Museu de História da Arte de Viena (Kunsthistorisches Museum);
5) Vamos Por Aí: Meus Museus Favoritos;
6) Viajar correndo: Museu Light da Energia, Rio de Janeiro;
7) Guia do Nômade Digital: Galeria 11/07/95: Galeria sobre o Genocídio na Bósnia e Herzegovina;
8) Uma Viagem Diferente: 4 Museus Imperdíveis em Florença;
9) Quase Nômade: Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre;
10) Gastando Sola Mundo Afora: Museo de Arte Precolombino de Cuzco;
11) Passeios na Toscana: Florença do alto: as Torres abertas à visitação;
12) Cantinho de Ná: Museu do Futebol em São Paulo: paixão, história e entretenimento;
13) Destino Compartilhado: Museu Lasar Segall;
14) Entre Polos: Museu Nacional do Hermitage - São Petersburgo - Rússia;
15) Do RS para o Mundo: Centro Português de Fotografia - Porto/Portugal;
16) Mulher Casada Viaja: Exploratorium - Museu de São Francisco, Califórnia;
17) TurMundial: Museu do Picasso em Málaga, Barcelona e Antíbes;
18) Farrabadares: Memorial São Nikolai em Hamburgo;
19) Itinerário de Viagem: MET Museum em Nova Iorque;
20) Viajar hei: Museu Imperial - Petrópolis - Rio de Janeiro;
21) Sol de Barcelona: Museu Olímpico e do Esporte - Barcelona;
22) Família Viagem: Children’s Museum of Houston - Texas com crianças;
23) Viaje na Web: American Museum of Natural History - Museu de História Natural de Nova York;
24) Aquele Lugar: Museus do Vaticano - Roma - Itália;
25) Viagem LadoB: Ilha dos Museus - Berlim;
26) Viajento: Museo Santuarios Andinos - Arequipa, Peru;
27) MEL a Mil pelo Mundo; Museo de Ciências Naturais de Madrid;
28) Caixa de Viagens: Museu Charlie Chaplin: o Chaplin’s World em Vevey, Suíça;
29) Let's Fly Away: Museu Botero, Bogotá, Colômbia;
30) Viajo com filhos: Nemo Science Museum, em Amsterdã, Holanda;
31) Sonhando em Viajar: Catetinho, em Brasília, Brasil;
32) Viajoteca: Batik na Indonésia: Museu Têxtil em Jakarta, Indonésia;
33) Mochileza: Museu do Automóvel de Turim, Itália;
34) Comendo Chucrute e Salsicha: Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, Argentina;
35) 1001 Dicas de Viagem: Museu Histórico de Berna, Suíça;
36) Estrangeira: 8 Museus Imperdíveis em Barcelona, Espanha;
37) Devaneios de Biela: Museu Nacional da Finlândia em Helsinki;
38) ILoveTrip: Top 7 Museus em Brasília que você precisa conhecer;
39) Me Deixa Ser Turista: Conheça o Museu da Revolução, em Havana;
40) A Fragata Surprise: Museus de Florença - Guia de Sobrevivência;
41) Direto de Paris: Os Museus de Troyes;
42) A Vida é Como Um Livro: Galeria Nacional da Noruega; ;
43) Dedo no Mapa: Museu Paranaense;
44) Ligado em Viagem: Beco do Batman é museu de grafite e arte de rua em São Paulo;

domingo, 26 de junho de 2016

Trilha Salcantay - 1º dia - dormindo aos pés da montanha - Soraypampa - Peru

Para os quéchuas, montanhas nevadas como Salcantay e Humantay eram consideradas entes vivos e divinos, dotados de poder sobre o ciclo da vida nas regiões sob sua influência. Por isso eram designadas cerimonialmente como Apus (Senhora) e a elas se prestavam homenagens e oferendas. E talvez, justamente por isso, este seja o local por onde se deva iniciar o caminho de quatro dias que conduz à Machu Picchu.

Nevado Humantay


Apus


Apu Salcantay é considerada a segunda montanha mais alta do Peru e é o ápice da Cordilheira de Vilcabamba, a qual pertence. Atinge 6.271m de altitude máxima e permanece coberta de neve o ano todo, sendo comum a observação de avalanches em suas encostas. Seu nome em quéchua significa Selvagem e se justifica por sua topografia íngreme e de difícil escalada. Em suas escarpas repousam os restos de vários alpinistas que intentaram desafiá-la e falharam. Tem como vizinho o Apu Humantay (Cabeça, em quéchua) e com ele forma o Abra Salcantay (passagem), à 4.650m acima do nível do mar.

Esta rota era muito utilizada nos tempos do Império Inca, como atestam algumas construções remanescentes ao longo da estrada e na própria montanha.  A bem da verdade a Trilha Salcantay foi criada como sendo um caminho alternativo a já saturada Trilha Inca Clássica e procura reproduzir o que seria uma jornada rumo à Machu Picchu a pé. Se constitui num atrativo turístico de grande apelo para os amantes da natureza e do turismo de aventura e é fruto do esforço da iniciativa privada e dos órgãos responsáveis pelo setor do turismo no Peru para atrair investimentos e ajudar a desenvolver esta parte do País.

Um convite à aventura
Seu traçado permite ao aventureiro percorrer diferentes paisagens que vão dos montes nevados da Cordilheira de Vilcabamba (nos Andes Peruanos) à floresta fechada no entorno de Machu Picchu, passando por terras áridas, caminhos de pedra, vales férteis e vilarejos típicos. É algo que exige bom preparo físico e mental, bem como equipamentos adequados, mas que sem dúvida deve constar na agenda daqueles que amam a natureza e a aventura.

Nesta série de posts estaremos relatando o dia a dia desta viagem de quatro dias, partindo de Cusco e chegando à Águas Calientes. Além de informações úteis para aqueles que desejam viver esta aventura estaremos trazendo impressões pessoais e imagens que, esperamos, possam contribuir para uma melhor compreensão do significado desta jornada. Vamos ao relato:

De Cusco a Mollepata


São 05:25 da manhã e a portaria do hotel avisa que o pessoal da agência responsável pela trilha me aguarda na recepção para dar início ao deslocamento até Mollepata.

É cedo, mas a movimentação começou bem antes, por volta das 03:30. Sempre que venho à Cusco durmo bem, mas acordo de madrugada e não consigo mais conciliar o sono. Desta vez até foi bom, pois com isso tive tempo de sobra para tomar as providências de última hora - como colocar as malas no depósito do hotel e enviar uma última mensagem para a família. A próxima, só quatro dias depois, ao chegar em Águas Calientes!

Na calçada sou apresentado a Alejandro, o cozinheiro, e Christian, o guia. Embarcamos na van, que parte rápida e logo deixa a paisagem urbana para trás. É junho, céu limpo e pela janela vejo os campos cobertos de geada. Ato contínuo lembro das madrugadas no interior do Rio Grande do Sul, onde cresci, e me arrepio só de imaginar o frio que deve estar fazendo por aquelas cercanias. Será que o casaco que está na mochila será o suficiente?

Chegamos na praça central de Mollepata por volta das 07:30, dentro do tempo previsto. Christian me chama para irmos comer alguma coisa no Café Don Júlio, que fica do outro lado da rua, no andar de cima de uma velha casa. O estado precário da escada de madeira que utilizamos para subir anuncia o quê esperar do estabelecimento. Segundo o guia, este é o ponto de encontro preferido dos treckers por ser o mais "apresentável" da cidade!!

Café Don Julio, no centro de Mollepata

Solicitei o Café Americano, o mais completo, que saiu por S/. 20,00 (na época, 01 Real equivalia a aproximadamente 0,86 Soles). O curioso é que trouxeram uma jarrinha com café frio. Por algum tempo fiquei olhando sem entender, até que chegou o restante da refeição e o Señor Júlio - deve ter notado minha cara de dúvida - me explicou que aquele café era para ser misturado à água quente da garrafa térmica que ele trazia naquele momento. Ah bom!! Se é assim, sim.

Não há muito o quê ver ou fazer em Mollepata e, tendo concluído o desjejum, decidimos seguir para o ponto inicial da trilha. Após uma hora sacolejante por uma estrada de chão batido avistamos os grupos de arrieiros com seus cavalos. Aqui nos reunimos com o quarto membro, do grupo, José, responsável pela condução de um cavalo e de uma mula utilizados para transportar nossas bagagens e equipamentos durante os quatro dias de caminhada.

O primeiro passo


Contrariando os prognósticos iniciais a temperatura estava bastante agradável e o sol a pleno vapor. Enquanto a equipe ultimava os preparativos aproveitei para aplicar uma boa camada de protetor solar, revisar o conteúdo da mochila e, claro, tirar algumas fotos. Ao longe o monte Humantay se destacava na paisagem, parecendo querer indicar o caminho a ser seguido. Neste ponto estávamos a uma altitude de 2.900 m.

Toda jornada começa com um primeiro passo e o nosso foi  às 09:09 em ponto! Partimos para uma marcha de aproximadamente 10 km até Soraypampa (3.950 m), onde está localizado o acampamento base há poucos quilômetros do Salcantay. No início enfrentamos um aclive acentuado, cuja dificuldade em vencê-lo reside mais na falta de oxigênio devido a altitude do que ao aclive em si. Posteriormente o caminho é mais plano, com ondulações menos acentuadas e fáceis de ultrapassar.

Trilha Salcantay, com o nevado Humantay ao fundo.

Durante boa parte do tempo acompanhamos o curso de uma calha por onde escoava a água oriunda das montanhas e cujo destino era a irrigação das plantações do vale que se estendia abaixo de nossa posição. Em parte a origem desta água está ligada ao degelo da neve que se acumula nos pontos mais elevados, mas também se deve à condensação da umidade nas encostas rochosas graças a presença de um líquen que aí se desenvolve. É interessante lembrar que o conceito de divindade atribuído às montanhas pelos quéchuas tem raízes neste fenômeno natural, uma vez que a água era, e continua sendo, essencial para a manutenção da vida e as montanhas eram fontes geradoras e inesgotáveis deste líquido tão precioso.

Nesta etapa a paisagem é composta basicamente por montanhas, algumas com picos nevados, e o caminho é muito tranquilo. Às 13:15 atingimos o acampamento base em Soraypampa e fomos almoçar.

A laguna


Conforme havia combinado com Christian, às 15:00 saímos para uma caminhada até a laguna formada pelo degelo do Humantay. O percurso consistia em subir por uma encosta de aproximadamente três quilômetros, mas após uma hora de caminhada cheguei a conclusão que meu preparo físico não estava para tanto. Apesar de não sentir os efeitos do soroche (mal das alturas), as subidas eram particularmente penosas - principalmente após ultrapassar os 4.000m de altitude. Por isso, decidi sentar na relva e avisei ao guia que iria ficar por ali mesmo, descansando e contemplando a paisagem.

A vista da encosta
Christian ainda insistiu um pouco, argumentando que faltava apenas um quilômetro. Virei a cabeça na direção indicada por ele e vi uma escarpa rochosa com pessoas minúsculas subindo entre as pedras. O entardecer estava magnífico, o silêncio era quase total. Se forçasse a marcha conseguiria chegar à laguna para ficar alguns momentos e depois descer novamente. A julgar pelos grupos que passavam por nós, lá em cima devia estar apinhado de gente. Ponderei que preferia ficar por ali mesmo, sentindo as vibrações de Pachamama e vivendo o momento.

A laguna é certamente linda e vale a pena ser visitada, entretanto tenho certeza que tomei a decisão certa. Christian e eu conversamos por um bom tempo, tirei belas fotos e, ao descer, me sentia completamente renovado.

Retornamos ao acampamento por volta das 17:30, onde nos aguardavam para el té da tarde, uma refeição ligeira composta por café (solúvel), chocolate, chás, biscoito e pipoca!!

Frio de rachar


O cair da noite trouxe consigo um frio intenso e uma escuridão que há tempos não via. Em Soraypampa não há abastecimento regular de energia, por isso apenas algumas áreas de uso comum do acampamento contam com iluminação fornecida por um gerador - diga-se de passagem que os banheiros não contam com este luxo.

Também não há muito o quê fazer por ali. Assim, depois de jantar e acertar os detalhes da caminhada do dia seguinte, resolvi me recolher a minha carpa (barraca) e descansar.

A carpa (barraca) no acampamento base de Soraypampa

Acostumado às noites sem estrelas do Rio de Janeiro confesso que foi com um misto de surpresa e nostalgia que, ao sair do abrigo onde estávamos,  avistei a via-láctea brilhando no céu. Por algum tempo esqueci o cansaço, a altitude, a falta de oxigênio e até mesmo do lugar aonde estava. A visão daquele céu tão brilhante me trouxe a lembrança da infância no interior gaúcho, quando tudo era simples e a natureza estava assim como naquele instante, ao alcance da mão. Aos poucos o ar gelado me trouxe de volta à realidade e decidi dar por encerrado o dia.

Cai a tarde em Soraypampa

Estendi o saco de dormir e vesti a roupa térmica comprada especialmente para a ocasião. Mal sabia eu que passar aquela noite ali seria uma aventura a parte!

(continua no próximo post: Trilha Salcantay - 2º dia - através da montanha)

Veja os álbuns com as fotos de cada dia de trilha em nossa página no Facebook:
Trilha Salkantay - 1º dia de Mollepata a Soraypampa;
Trilha Salkantay - 2º dia de Soraypampa a Collpapampa;
Trilha Salkantay - 3º dia de Collpapampa a Santa Teresa;
Trilha Salkantay - 4º dia - Tirolesa e caminhada desde a hidrelétrica até Águas Calientes;
Trilha Salkantay - 5º dia - Visita à Machu Picchu.

Seguindo o modelo da viagem anterior, quando realizamos a Trilha Inca, iremos alternando entre fotos e relatos de modo a transmitir o mais fielmente possível as emoções desta jornada.

Acompanhe nossas publicações no Instagram através da hashtag #gsmasalcantay.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Trilha Alternativa Salkantay : faltam 30 dias - Machu Picchu - Peru

Em 2014 o Gastando Sola Mundo Afora foi ao Peru para realizar um velho sonho: percorrer a Trilha Inca e visitar Machu Picchu. Seguir por aqueles velhos caminhos, serpenteando montanhas e sendo presenteado com paisagens de tirar o fôlego, foi uma experiência tão marcante que, uma vez concluída, a vontade era retornar ao início e começar tudo de novo.

Trecho da Trilha Inca

Demorou um pouco, mas finalmente vamos gastar sola nos caminhos incas novamente!! No próximo dia 04 de junho estaremos de volta à Cuzco para uma nova aventura, onde o destino é o mesmo - Machu Picchu -, mas o caminho é a Trilha Alternativa Salkantay. Diferentemente da Trilha Inca, que fica dentro de uma área protegida, a Trilha Salkantay é uma rota viva, utilizada até hoje pelos habitantes da região em seus deslocamentos e, por isso mesmo, não é necessário autorização especial para percorre-la. Serão quatro dias de caminhada, durante os quais realizaremos um trajeto que inclui a travessia do monte Salkantay, daí o nome da trilha. O ponto alto do percurso, literalmente, é a passagem desta montanha a 4.600m acima do nível do mar. Quem se atreve a encarar este desafio precisa estar preparado física e psicologicamente para longas caminhadas em locais de difícil acesso, onde o soroche (o mal da altitude) pode atacar a qualquer momento devido ao ar rarefeito. Em compensação, o viajante irá desfrutar de paisagens tão belas quanto variadas, que vão desde os picos nevados da Cordilheira dos Andes a trechos de floresta na parte baixa.

Detalhe da cidade de Machu Picchu

Preparando a mochila


Tendo em vista as particularidades da empreitada os preparativos já vem sendo feitos há bastante tempo. Isso inclui aquisição de equipamentos próprios para as condições climáticas e de terreno, bem como a adaptação da forma de transportar o equipamento fotográfico - fundamental para que possamos registrar com segurança todos os momentos desta aventura! Além disso, muita pesquisa para saber o quê vamos enfrentar e treinamento físico para aprimorar o condicionamento.

No decorrer desta fase preparatória nos deparamos com alguns depoimentos de pessoas despreparadas, que não faziam ideia de como era o lugar para o qual estavam indo. São registros curiosos, feitos por viajantes que, provavelmente, imaginaram que se tratava de mais um passeio turístico e não correram atrás de maiores informações. Por isso, ao retornar, vamos publicar uma matéria especial sobre como foram os preparativos e o quê consideramos fundamental para o sucesso da missão. Falaremos também sobre o quê funcionou bem e o quê poderia ter sido melhor.

No mais, só nos resta segurar a ansiedade, seguir com os preparativos e aguardar a data do embarque.
Salkantay está lá, esperando por nós!!

Para saber como foi a primeira viagem do GSMA ao Peru:

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Retrospectiva Contagem Regressiva #04

No segundo dia da estada em Cuzco estava com a manhã livre, pois o tour agendado com a agência de turismo iniciava somente depois do almoço. Assim, após o café da manhã, bebi uma boa dose de chá de coca (para prevenir o soroche, o mal da altitude) e sai gastando sola em direção à parte antiga da cidade.

Foi uma experiência incrível, da qual trago boas recordações e excelentes fotos! Os cuzqueños são muito receptivos e tive a oportunidade de bater um bom papo e conviver com alguns em suas rotinas cotidianas. Mas o ponto alto desta perambulação foi ter conhecido o famoso Mercado de San Pedro, local onde os produtores locais oferecem sua produção agrícola e se encontra de tudo, inclusive folhas de coca.

O mercado não é um ponto turístico, mas é visita obrigatória para quem, como eu, gosta de conhecer a cultura e o modo de vida do lugar. Aqui se convive com o Peru autêntico, com camponeses em trajes típicos num buliçoso vai e vem de gente e mercadorias. Talvez um pouco confuso para quem vem de fora, mas perfeitamente organizado para os frequentadores locais.

Camponesa oferece seus produtos no Mercado San Pedro.


Foto publicada no post Cuzco, a versão cotidiana de uma cidade turística em 14 de abril deste ano.

Como parte das comemorações do aniversário do GSMA estamos publicando fotos de momentos marcantes deste primeiro ano de caminhada.

Promoção Gastando Sola No Morro da Conceição



O GSMA está completando 1 ano de existência e vamos comemorar com uma caminhada no Morro da Conceição. Será no dia 14 de setembro e o blog está promovendo o sorteio de 30 participantes que irão desfrutar do passeio gratuitamente. Para participar, basta se inscrever clicando aqui! Só não esqueça de clicar no botão QUERO PARTICIPAR.

domingo, 31 de agosto de 2014

Retrospectiva Contagem Regressiva #05

Em abril deste ano foi realizada a primeira viagem internacional do blog. O objetivo era chegar a Machu Picchu percorrendo a Trilha Inca Curta - uma caminhada de dois dias em meio as montanhas, seguindo o percurso traçado pelos antigos habitantes das Américas. O roteiro também incluía paradas em Lima e Cuzco. Aliás, o tempo que passei em Cuzco foi muito importante, pois serviu para tirar muitas fotos, conhecer um pouco da cultura local e, principalmente, aclimatar o organismo à altitude.

A foto abaixo foi tirada na Plaza de Armas de Cuzco no dia da chegada ao Peru. Era domingo e o pessoal da região aproveitava a presença dos turistas para oferecer artesanatos, serviços de guiamento e até lhamas para fotos. Embora seja comum o uso de trajes típicos pela população local, alguns capricham na indumentária para faturar alguns soles (moeda local) posando com os visitantes. Esta artesã era muito simpática e não se fez de rogada enquanto a fotografava. É claro que tive que comprar um cinto de lã para convencê-la a servir de modelo!

Artesã na Plaza de Armas de Cuzco - Peru.

Foto publicada no post Cuzco - Peru em 14 de abril deste ano.

Como parte das comemorações do aniversário do GSMA estamos publicando fotos de momentos marcantes deste primeiro ano de caminhada.

Promoção Gastando Sola No Morro da Conceição



O GSMA está completando 1 ano de existência e vamos comemorar com uma caminhada no Morro da Conceição. Será no dia 14 de setembro e o blog está promovendo o sorteio de 30 participantes que irão desfrutar do passeio gratuitamente. Para participar, basta se inscrever clicando aqui! Só não esqueça de clicar no botão QUERO PARTICIPAR.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Fortaleza de Sacsayhuaman - Cuzco - Peru

As ruínas de Sacsayhuaman estão localizadas a aproximadamente 2 km do centro de Cuzco, num caminho de fácil acesso, tanto que alguns turistas aproveitam para fazer uma bela caminhada até o local. Este é um dos pontos mais conhecidos e visitados da cidade e é com certeza o que mais impressiona pela grandeza da obra.

Ruínas das muralhas de Sacsayhuaman.

A função original de Sacsayhuaman ainda é um mistério, mas especula­-se que tenha sido uma instalação com fins militares. Sua área total é de aproximadamente 4.000 m2, espaço suficiente para abrigar toda a população de Cuzco no caso de um ataque inimigo. Em frente as muralhas existe uma grande praça que era usada para cerimônias de cunho militar e religioso. Atualmente, é nesta praça que se realiza o Inti Raymi, ou Festa do Sol, no dia 24 de junho - data que marca o solstício de inverno no hemisfério sul nos Andes.

De acordo com Garcilaso de la Vega, cronista espanhol que acompanhou as expedições de Pizarro, foi o Inca Pachacuti quem deu início a construção de Sacsayhuaman antes de 1438 e a obra teria durado em torno de 50 anos. Quando os espanhóis conquistaram Cuzco ela já estava concluída, tendo sido convertida em pedreira para fornecimento de matéria-prima para as mansões e igrejas erigidas pelos colonizadores europeus. Esta prática visava remover símbolos do povo conquistado para aniquilar a cultura local e subjugá-lo nos planos militar, econômico, cultural e religioso. A Catedral de Cuzco foi erguida sobre as fundações do Palácio Suntur Wasi, residência do Inca Wiracocha, com as pedras levadas daqui. Devido a esta prática hoje se pode apreciar somente 20 por cento do que foi o conjunto arqueológico de Sacsayhuaman.

Pedras monumentais perfeitamente encaixadas.

O que mais chama a atenção ao se observar as muralhas é o emprego de gigantescos blocos de pedra maciça perfeitamente encaixadas. Os monolitos atingem até 9 m de altura e tem peso estimado em torno de 300 toneladas. Acredita-se que a pedreira que abastecia os construtores estivesse localizada a 3 km de distância, exigindo um esforço considerável para o deslocamento dos blocos até seu ponto de destino. Quanto ao sistema de encaixe, tinha a dupla vantagem de dispensar o uso de argamassa para assentar as pedras e de funcionar como uma trava, mantendo a integridade das estruturas mesmo durante os terremotos tão comuns na região.

Vista das muralhas e da praça existente em frente à fortaleza.

Outro detalhe impressionante é o desenho formado pela estrutura e que leva a acreditar que se tratava de uma fortaleza. As muralhas foram construídas em três níveis sucessíveis e em zigue-zague, como os dentes de uma serra. Esta mesma técnia de engenharia militar pode ser notada nas fortalezas coloniais portuguesas em formato de estrela, onde a existência de projeções em ângulo dificultam a escalada das paredes pelo inimigo, pois estes podem ser facilmente alvejados a partir da projeção mais próxima.

Muralha com a cidade de Cuzco ao fundo.

Seja qual for a origem de Sacsayhuaman, hoje ela é a testemunha viva de um passado que mescla o esplendor e a queda do Império Inca. Estudiosos de diversas áreas continuam pesquisando este e outros sítios em busca de respostas sobre o modo de vida dos habitantes originais da América do Sul e visitá-lo é um reencontro com a história.


Veja os álbuns de fotos sobre a viagem ao Peru em Abaretiba, nossa página no Facebook:
Trilha Inca Curta  - rumo à Machu Picchu;
Águas Calientes - reabastecer para continuar a jornada;
Machu Picchu  - um dia na cidade sagrada dos Incas.


Leia também o relato do primeiro dia: Cuzco - Peru, o artigo Cuzco, a versão cotidiana de uma cidade turística - Peru, o relato do caminho até Machu Picchu em Trilha Inca Curta e da experiência de estar em Machu Picchu em Machu Picchu - Peru.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Cuzco, a versão cotidiana de uma cidade turística - Peru

Cuzco é um lugar repleto de singularidades. Aqui a cultura ancestral convive com a herança colonial e os tempos modernos sem conflitos aparentes. E isto não é difícil de perceber, mesmo estando muito próximo do Centro Histórico ou de outros pontos turísticos. Foi o que descobri na manhã do segundo dia, quando sai bem cedinho gastando sola pelas ruas para ver a cidade despertar.

Uma cena comum: mulheres com suas lhamas em busca de turistas para fotos.


Mulheres tradicionalmente vestidas atravessam a rua sob o olhar vigilante da guarda de trânsito.

E nem foi preciso ir muito longe. Bastou caminhar algumas quadras e parar numa esquina por alguns instantes para sentir que o tempo aqui flui em outro ritmo, bem mais devagar, trazendo cenas que mesclam a vida pacata do interior com a rotina de uma cidade grande. Como esta, da guarda de trânsito que acompanhou vigilante duas senhoras que precisavam atravessar a rua. Diga-se de passagem que o zelo se justifica, pois um dos pontos negativos de Cuzco é o trânsito confuso - e sempre engarrafado ao cair da tarde.


Mascar folhas de coca é um hábito por aqui.

Grupo local no assédio aos hóspedes de um grande hotel.

Quando chegava ao Centro Artesanal de Cuzco avistei, do outro lado da rua, um grupo parado em frente a um hotel de luxo e, pelo volume dos sacos que portavam, não foi difícil deduzir que eram vendedores de regalos e artesanías. Cada vez que um hóspede com cara de turista saia pela porta do hotel o grupo se acercava oferecendo suas mercadorias numa corrida para ver quem alcançava primeiro o freguês.


Enquanto fazia pontaria com a teleobjetiva para capturar a caça ao turista que se desenrolava mais adiante, um rapaz com uma grande pasta debaixo do braço chegou bem perto e ficou olhando, curioso. Era Henry, um simpático vendedor de quadros que deve ter achado muito estranho aquele gringo fotografando sabe-se lá o quê! Em pouco tempo a conversa corria solta como se fossemos velhos conhecidos. Depois de explicar a ele o propósito de minha visita prometi publicar sua foto e anunciar seu produto no blog. Então, promessa cumprida. Quando em Cuzco, procurem pelo Henry na praça em frente ao Centro de Artesanato e digam que fui eu quem o indicou.

Henry, pintor de rua e gente boa.
O Centro de Artesanato é um grande pavilhão que reúne diversas bancas dedicadas a venda de toda sorte de lembrancinhas de viagem. Muito provavelmente é aqui que se abastecem os vendedores ambulantes que abordam os turistas pela cidade oferecendo regalos a preços módicos. Embora haja uma indisfarçável padronização nas estampas e evidentes sinais de produção em série nos produtos, é um lugar que merece ser prospectado com calma em busca de manifestações autênticas e originais.

Corredores do Centro de Artesanato são decorados com bandeiras de vários paises.
Foi assim que me deparei com a tenda da Marlene, uma sorridente artesã que ficou muito orgulhosa em explicar que era ela e sua família quem produzia as peças pelas quais eu demonstrava interesse. Eram pequenos Toritos de Pukara feitos em porcelana vitrificada, pintados a mão com pigmentos orgânicos. Gostei tanto que levei cinco, voltei dois dias depois e levei mais cinco. Uma excelente lembrança para os amigos, o problema agora é conseguir me desapegar deles.

Marlene, misto de artesã e vendedora.

Alguns passos mais rápidos depois (as vezes esquecia que por lá o ar é rarefeito) e a respiração começou a ficar ofegante. Era a deixa para uma parada estratégica para um chá de coca. Na rua Matara, onde me encontrava, não faltam opções de bares e lancherias que oferecem o chá, então não foi preciso procurar muito. O curioso, para nós que temos outra ideia do que seja a coca, é que aqui ela é considerada um produto natural, oferecido abertamente e do qual sabem muito bem como obter os efeitos terapêuticos desejados. Quando bate o mal-estar provacado pela altitude, é um santo remédio.

Mate de coca industrializado. Um pouco amargo, mas eficaz contra o soroche.
Descansado e refeito, segui perambulando até chegar ao pórtico conhecido como Portal de Santa Clara, uma construção colonial que deve ter tido alguma função no passado, mas que hoje é apenas um magnífico ponto de referência.

Portal de Santa Clara, próxima a Igreja de São Francisco.

Cruzando pelo portal e seguindo em frente chega-se a praça onde fica o famoso Mercado Municipal ou Mercado de San Pedro, como também é conhecido. Não é um ponto turístico, mas se você, como eu, gosta de saber como vive o povo da região, a visita é obrigatória.

Logo na entrada chama a atenção uma grande faixa anunciando aos amigos do alheio que lhes está proibida a entrada. Aos que se arriscarem, pena de prisão e espancamento! Talvez seja este o segredo da tranquilidade do lugar.


Cartaz na entrada do mercado avisa que está proibido o ingresso de amigos do alheio no recinto.

No Mercado San Pedro encontra-se principalmente gêneros alimentícios e utilidades para o lar, com destaque para as frutas e hortaliças disponíveis em grandes quantidades e com excelente aspecto. Várias carnicerias (açougues) expõem sua mercadoria abertamente e sem refrigeração. Interessante que aqui não há moscas. Será pela altitude?


Açougueira preparando a carne.


Máscaras festivas. O nariz longo é uma alusão aos colonizadores espanhóis.

Além das bancas, há também vendedores ambulantes espalhados pelo mercado, expondo seus produtos no chão com a maior naturalidade.



Vendedora regando seus legumes.

Vendedora em meio aos corredores do mercado.

Vou de banca em banca cumprimentado a todos e perguntando sobre os produtos que oferecem. A recepção é amigável, como sempre, e todos parecem achar graça no meu interesse por coisas, para eles, tão comuns. As entrevistas, além de enriquecerem meu repertório culinário, acabam por proporcionar um benefício muito importante: uma senhora especializada em ervas medicinais me oferece um pacote de folhas de coca por Sl 1,00 (um sole = um real). Receoso, pergunto se pode ocorrer algum efeito colateral e ela, sem cerimônias, põe a língua para fora para mostrar que está mascando enquanto falamos. Com um sorriso explica que não há perigo e mostra a quantidade a ser usada em cada aplicação. Dias depois, encarando as escadarias de Wiñai Wayna, lembrarei desta lição com carinho.

E com isso foi-se a manhã. Retorno a Plaza de Armas para o almoço e, enquanto degustava uma saborosa carne de alpaca, me deparo com esta cena de dois cavalheiros conversando sob a sombra de um guarda-chuva. Cuzco não se cansa de me surpreender.

Um gesto de solidariedade.

Leia também o relato do primeiro dia: Cuzco - Peru.


Veja os álbuns de fotos sobre a viagem ao Peru em Abaretiba, nossa página no Facebook:
Cusco - flagrantes de um passante;
Mercado de San Pedro - aqui se encontra de tudo;
Trilha Inca Curta  - rumo à Machu Picchu;
Águas Calientes - reabastecer para continuar a jornada;
Machu Picchu  - um dia na cidade sagrada dos Incas.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Cuzco - Peru

No último dia 06, as 05h40 da manhã, teve início a jornada rumo a Machu Picchu, a Cidade Sagrada dos Incas. Como o roteiro previa a realização da Trilha Inca Curta, um trajeto de 14km a pé pelas montanhas, optou-se por uma estadia de três dias em Cuzco para aclimatação devido a altitude.

Esta decisão não podia ser mais acertada. Para quem vive ao nível do mar, a mudança brusca para uma região de ar rarefeito produz uma série de efeitos no organismo, sendo a fadiga e a dificuldade para praticar atividades físicas simples a mais comum. Além disso, a cidade de Cuzco se revelou um lugar repleto de histórias, usos e costumes que precisavam ser descobertos e registrados.

Cusco, Cuzco ou Q'osqo?


Antes de prosseguir é bom que se diga que aqui foi adotada a forma atual de grafia do nome da cidade: Cuzco, com "z", para diferenciar de cusco, que em espanhol significa "cachorro".

Q'osqo é a forma quechua (idioma incaico) de designar a cidade e significa centro ou umbigo, uma vez que Q'osqo era a capital do Império Inca. Como os colonizadores espanhóis não conseguiam pronunciar o nome do lugar corretamente, acabaram por chamá-la Cusco, certamente com um viés pejorativo.

Do Rio a Lima


A viagem incluía uma parada em Lima, capital do Peru, para troca de aeronave. Como este foi o primeiro destino de um voo internacional, todos os procedimentos de imigração e aduana foram realizados aqui. O Aeroporto Internacional Jorge Chavez é um dos mais modernos da América Latina, tendo recebido prêmios internacionais em reconhecimento a qualidade dos serviços oferecidos.


Área de embarque internacional do aeroporto de Lima.

Curiosamente, para despachar a bagagem foi necessário dar a volta pela rua para entrar novamente no setor das companhias aéreas. Felizmente fazia sol!

De Lima a Cuzco


Logo após a decolagem a paisagem litorânea fica para trás e surgem cadeias de montanhas que formam uma bela paisagem. O percurso é curto e em uma hora e meia aproximadamente se chega a Cuzco. Aqui o aeroporto é menor e mais simples, mas funcional. Na saída, uma multidão formada por funcionários das agências de viagens que vem recepcionar seus clientes, taxistas e vendedores aguarda os turistas. A confusão é grande e é bom ficar atento. Sem esquecer que o corpo pode começar a apresentar os primeiros sinais da falta de oxigenação. O jeito é respirar fundo e caminhar devagar.

La Plaza de Armas


A primeira orientação dada aos recém chegados é para que repousem no primeiro dia e tomem muito chá de coca, uma forma milenar de combater o soroche (mal da altitude). Mas como repousar com tanta novidade correndo lá fora? O jeito foi largar a mala no quarto, passar a mão no equipamento fotográfico e sair gastando sola pelas ruas de Cuzco.

Chafariz da Plaza de Armas, com o Inca Dourado.

Em pouco tempo se chega a Plaza de Armas, local instituído pelo conquistador Francisco Pizarro por ocasião da tomada de Cuzco em 1533 em substituição à praça principal dos incas, localizada no mesmo lugar até hoje.

É nesta praça que se ergue imponente a Igreja de São Domingos, Catedral de Cuzco, e é também aqui que se concentra o setor turístico da cidade, com inúmeros restaurantes, casas de câmbio, hotéis, museus, lojas de artesanatos e ambulantes. Isto sem falar nas mulheres e crianças vestidas com trajes típicos que se oferecem para fotos por apenas un sole, señor (Sl 1,00 equivale a aproximadamente R$ 1,00).


Igreja da Companhia de Jesus.

Após algumas voltas pela praça era hora de ampliar o círculo e explorar seus arredores. Não foi preciso andar muito para perceber que a cidade é uma mescla de arquitetura inca e colonial, pois são muitos os prédios que apresentam a base composta por pedras polidas e perfeitamente encaixadas, característica dos incas, com paredes mais modernas erguidas sobre elas.

Rua típica do centro histórico de Cuzco.

Outro detalhe característico é o recorte dos telhados e a presença de balcões de madeira ricamente decorados, o que não deixa dúvidas sobre a origem espanhola das construções.

Balcões de madeira são comuns por aqui.

Um povo orgulhoso e hospitaleiro


Não há como ouvir o relato dos guias sobre as atrocidades cometidas pelos colonizadores na conquista da América Latina e ficar indiferente. Afinal, aqui ocorreu o genocídio de uma civilização inteira. Vidas foram massacradas e sua cultura destituída de qualquer valor. Na ânsia de sufocar as manifestações religiosas originais, os espanhóis ergueram suas igrejas sobre os palácios incas e substituíram seus deuses por santos católicos.

Cruz enfeitada por ocasião da quaresma.

Mesmo assim, dizem os guias com uma indisfarçável ponta de orgulho, o povo soube como abraçar os novos símbolos impostos e mesclar com suas crenças, num forte sincretismo que se manifesta principalmente agora, na semana santa. O culto a Pachamama seguiu na adoração à Virgem Maria e os artistas da escola cusquenha de arte implantaram símbolos pagãos em diversas obras que enfeitam a catedral de Cuzco. Um exemplo desta resistência cultural é o rosto do conquistador Francisco Pizarro no corpo de Judas, no quadro A Última Ceia.


Artesã em trajes típicos oferece seus trabalhos na Plaza de Armas.

Mas, a julgar pela passagem por Lima e pelas experiências vividas em Cuzco, pode-se dizer que o povo peruano é, além de muito orgulhoso de seu passado, bastante amável e sabe como receber bem o turista. Em mais de uma ocasião tive a oportunidade de constatar isto pela gentileza com que fui tratado por pessoas das mais diversas ocupações, inclusive transeuntes sem relação com prestação de serviços turísticos.

Señor Inácio, com quem aprendi algo sobre as técnicas cirúrgicas dos incas.

E com relação à segurança, posso afirmar que fiz minhas caminhadas pela cidade completamente distraído e com a câmera fotográfica no pescoço, como há muito não fazia. Proeza impensável no Rio de Janeiro dos dias atuais.

Veja os álbuns de fotos sobre a viagem ao Peru em Abaretiba, nossa página no Facebook:
Trilha Inca Curta  - rumo à Machu Picchu;
Águas Calientes - reabastecer para continuar a jornada;
Machu Picchu  - um dia na cidade sagrada dos Incas.

Leia também o artigo Cuzco, a versão cotidiana de uma cidade turística - Peru, o relato do caminho até Machu Picchu em Trilha Inca Curta e sobre a experiência de estar em Machu Picchu em Machu Picchu - Peru.

sábado, 5 de abril de 2014

Destino: Machu Picchu



Na madrugada deste domingo terá início a primeira aventura internacional do Gastando Sola Mundo Afora e o destino não podia ser melhor: Machu Picchu. O roteiro inclui uma rápida passagem por Lima, dois dias em Cusco e a Trilha Inca Curta, a ser percorrida também em dois dias.

Há muito que ver em Cusco, pois ela foi a capital do Império Inca e está repleta de sítios arqueológicos que contam a saga dos antigos habitantes das Américas. Aqui também são visíveis as marcas do  desastroso contato com os colonizadores espanhóis. Além do interesse natural pelos atrativos de Cusco, esta etapa tem o propósito de aclimatar o organismo para enfrentar o temido soroche, o mal da altitude, uma vez que a cidade fica a mais ou menos 3.400 m acima do nível do mar.

Depois terá início a jornada até a Cidade Sagrada dos Incas. Desta vez será a Trilha Curta, que tem início no km 104 da ferrovia que liga Cusco a Águas Calientes e percorre o caminho trilhado pelos Incas para chegar até ela. A caminhada é feita em meio as belas paisagens das montanhas e inclui os sítios arqueológicos de Chachabamba, Wiñay Wayna, Intipunku, o Portal do Sol e, é claro, Machu Picchu.

Acompanhe todos os lances desta aventura aqui no blog e também pelo Instagram/gastandosola com a hashtag #gsmaperu e pelo Facebook/Abaretiba.