sábado, 26 de abril de 2014

Machu Picchu - Peru

Vencida a Trilha Inca, faltava apenas adentrar Machu Picchu para que o roteiro ficasse completo. Mas, devido ao adiantado da hora (a visitação encerra às 17h00), esta etapa teve que ficar para o dia seguinte.

Assim, seguindo a orientação do guia, às 05h15 já estávamos na fila para pegar o primeiro ônibus da linha que liga Águas Calientes à Machu Picchu. O trajeto dura em média uns 30 minutos, de modo que - quando finalmente entramos na Cidade Sagrada dos Incas - Inti, o Deus Sol, ainda não havia se levantado.

Além da penumbra, uma pesada neblina cercava as ruínas, conferindo ao lugar um tom ainda mais misterioso. O guia ia seguindo tranquilo entre escadarias e paredes de pedra, falando sobre a vida dos habitantes originais e dando detalhes sobre as construções. Enquanto caminhávamos entretidos neste misto de tour e bate-papo, a luz foi surgindo aos poucos e revelando em detalhes as formas que apenas se insinuavam na umidade da manhã.

Pela manhã, a cidade parece flutar entre nuvens.

Como chegamos cedo haviam relativamente poucos turistas ao redor, permitindo uma visitação mais tranquila. O governo peruano autoriza 2.500 visitantes por dia. Considerando que a cidade foi projetada para abrigar em torno de 500 moradores fica fácil perceber que no auge da visitação as ruínas viram um formigueiro de gente.

Visitar Machu Picchu é uma experiência muito pessoal e cada um guarda a lembrança daquilo que mais lhe impressionou. Entretanto, a grandiosidade daquela obra levada a cabo num local tão inacessível é algo que salta aos olhos do turista mais distraído. Até hoje não se sabe ao certo com qual finalidade ela foi erquida, mas o certo é que ela ficou como testemunho da engenhosidade e poder de organização dos incas.

Praça Central com setor agrícola ao fundo.

Há muito que ver por aqui e os guias apresentam um roteiro pré-definido com os principais pontos de interesse. Assim que este roteiro foi concluído, nos despedimos e pude dar início ao que mais gosto: gastar sola a esmo, desta vez em Machu Picchu!

Intiwatana, a pedra de amarrar o sol.

Um detalhe que me chamou a atenção foi a sobriedade e simplicidade das habitações. Os incas não utilizavam móveis e seus poucos utensílios eram guardados em nichos nas paredes. Mesmo o rei dispunha de aposento muito semelhante aos de seus súditos. A única diferença é que para ele havia um ... banheiro! Na verdade um recinto estreito com uma fossa sem assento. O interessante é que havia escoamento dos dejetos para fora da cidade e, quando pesquisadores modernos localizaram o ponto de deságue, foi encontrado um bracelete de ouro, provavelmente perdido por algum soberano ao fazer uso do "trono" real.

Setor residencial.

O local é muito bem sinalizado e pode-se ficar andando a vontade. Diversos guarda-parques espalhados em locais estratégicos orientam e cuidam para que os turistas não cometam excessos ou danifiquem o patrimônio. Infelizmente nem todo visitante tem um entendimento claro sobre a importância do local que está visitando e a presença dos guardas se torna realmente necessária. Um detalhe importante: não há banheiros, nem lanchonetes ou lojas de conveniência por aqui. Todas estas facilidades ficam do outro lado do portão de acesso e quem sai não pode retornar.

Guarda-parque observa movimentação dos visitantes.

Terraços para produção agrícola.

Machu Picchu foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1985 e um dos compromissos assumidos pelo governo peruano é o de manter conservada suas características originais. Cumprir este compromisso não é tarefa fácil e no decorrer do dia pude constatar que um verdadeiro exército de operários se movimenta discretamente, cuidando para que tudo fique em ordem. É preciso impedir que o mato tome conta dos muros de pedra, por exemplo, ou que o sistema de abastecimento de água se converta num criatório de mosquitos. Estas atividades tão necessárias precisam ser feitas apesar da presença do público, pois o parque está sempre aberto a visitação. Por isso é comum que alguns setores estejam temporariamente inacessíveis devido a obras de restauro.

Operários retiram vegetação que cresce entre as pedras.

Instalação pedagógica demonstra técnica de construção dos incas.

Próximo do meio-dia o nevoeiro já havia se dissipado e o sol finalmente pode se fazer presente, dando um novo colorido a paisagem. Após uma última volta pela vielas estreitas era hora de subir as escadas de pedra pela última vez e me dirigi ao portão de saída, rumo a estação de ônibus. Em menos de uma hora estava em Águas Calientes, num restaurante, aguardando que meu pedido ficasse pronto. Em questão de minutos o tempo fechou e um aguaceiro se abateu sobre a cidade. Imediatamente lembrei dos que ainda estavam lá em cima e agradeci a Inti por ter me permitido conhecer Machu Picchu em sua prença.

A Casa do Vigia.

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Leia também o relato do primeiro dia: Cuzco - Peru, o artigo Cuzco, a versão cotidiana de uma cidade turística - Peru e o relato do caminho até Machu Picchu em Trilha Inca Curta.

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