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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Causos de viagem : pegando água no rio! - Boane - Moçambique

Num destes raros dias de pouca atividade resolvi por ordem no arquivo de fotos e, para variar, apenas iniciada a tarefa, as imagens foram ativando recordações, que viraram histórias e lá se foi a tarde e a oportunidade de finalmente organizar alguma coisa!

Foi assim que acabei encontrando a foto abaixo, tirada em novembro de 2005 durante uma trilha realizada na região de Boane - um dos distritos de Maputo, a capital de Moçambique.

Abastecimento de água precário obriga população a captar água direto no rio.

Lembro que na ocasião fiquei impressionado com a natureza exuberante do lugar, pois Boane é cortada pelo rio Umbeluzi, e a presença constante de água garante o viço da vegetação e a presença de diversos animais. Este rio também é importante por ser a fonte de captação da água que abastece a cidade de Maputo.

Éramos um grupo de aproximadamente 30 pessoas e a ideia era realizar uma caminhada partindo da Estação de Tratamento de Águas, margeando o rio. Durante o percurso fomos avistando pequenos povoados, suas machambas (roçados) e alguns rebanhos de cabras, criação comum por aquelas bandas.

Lá pelas tantas alguém avistou hipopótamos na água e deu o alerta, uma vez que - para quem não sabe - hipopótamos são extremamente agressivos e são também a maior causa de morte em acidentes com animais selvagens na África. Redobrada a atenção, seguimos em frente até encontrarmos três garotas que iam ao rio buscar água. Por incrível que possa parecer, a população que vivia naquela área, muito próxima da estação de tratamento, não contava com água tratada e se abastecia diretamente no rio.

Neste dia estava acompanhado de uma moçambicana que imediatamente apressou o passo e foi ter com elas, preocupada com o perigo que representava a presença dos hipos no rio. Acompanhei o diálogo a distância, pois falavam num dos dialetos locais, e não conseguia entender patavina - entretanto, não pude deixar de notar a mudança de expressão no rosto da minha colega.

Assim que as meninas se afastaram perguntei o quê havia acontecido e minha amiga contou o seguinte:

- Disse a elas para terem cuidado porque havia hipopótamos na água e a mais velha respondeu que já sabiam disso.  Elas não tem medo dos hipos, porque elas conseguem correr mais rápido do que eles. Além disso, eles se interessam mais em atacar as machambas do que as pessoas da aldeia.

E continuou,

- Então ela contou que medo mesmo elas tem é dos crocodilos que ficam espreitando escondidos e as atacam quando elas se abaixam para encher as vasilhas de água!

Nos olhamos em silêncio por alguns instantes e seguimos caminho em busca do grupo que já ia longe. Instintivamente guardamos uma distância segura das margens do rio e não tocamos mais no assunto até retornarmos à Maputo.





quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Kina Zoré - Tchova Nyolo ou Nunca desista!

Paulo Cattelan com seu
exemplar do Tchova Nyolo.
Chegou hoje pelo correio um exemplar do disco Tchova Nyolo (Never Give Up) do grupo Kina Zoré, formado por moçambicanos residentes em Boston, nos Estados Unidos. Além de boa música africana contemporânea o CD traz um detalhe que, para nós do GSMA, é de grande importância: a ilustração utilizada na capa e no disco tem como base uma de nossas fotos - obtida durante uma estada em Moçambique e que ilustrou a matéria Tchova e o Burro Sem Rabo (clique aqui para ler a postagem).

O contato inicial foi feito por Hélder Tsinine em julho de 2014, após ele ter visto a publicação aqui no blog. Acontece que o tema principal do disco é baseado justamente no Tchova Xita Duma, um carrinho de tração humana amplamente utilizado em Moçambique para transportar de tudo!  Em tradução livre, significa Empurra Que Vai e acabou por se tornar uma expressão de incentivo para que o outro nunca desista, pois mesmo quando a carga parecer difícil de suportar é preciso continuar empurrando até que tudo dê certo.

O disco é composto por sete faixas que fazem referência a diferentes aspectos da vida e da luta do povo Moçambicano em busca de uma vida digna e paz. Destaque para  Tchova Nyolo, que dá nome ao disco e Moçambique, uma comovente canção de despedida que é também um tributo à terra natal do compositor.

Saiba mais sobre o Kina Zoré visitando sua página no Facebook (clique aqui).



sábado, 16 de agosto de 2014

Retrospectiva Contagem Regressiva #20

Capulanas de Maputo


Em 2004 tive a oportunidade de viver um tempo na cidade de Maputo, capital de Moçambique, na África Subsariana. Foi uma experiência incrível, que me proporcionou uma rica convivência com o povo moçambicano e algumas aventuras no melhor estilo gastadores de sola!

Aprendi muitas coisas convivendo com o povo africano sobre visão de mundo e da vida, usos, costumes, religião, entre outros. E um hábito que chamou minha atenção foi a maneira de vestir das mulheres. Utilizando um único pedaço de tecido elas são capazes de montar diferentes peças, indo do trivial doméstico ao solene ritualístico. Estes tecidos são conhecidos como capulanas e se constituem num importante elemento da cultura local.

Moçambicanas e suas capulanas.

Esta foto apareceu no post Especial Dia da Consciência Negra - As Capulanas de Maputo,  publicado em 20 de novembro de 2013.

Como parte das comemorações do aniversário do GSMA estamos publicando fotos de momentos marcantes deste primeiro ano de caminhada.

Promoção Gastando Sola No Morro da Conceição 



O GSMA está completando 1 ano de existência e vamos comemorar com uma caminhada no Morro da Conceição. Será no dia 14 de setembro e o blog está promovendo o sorteio de 30 participantes que irão desfrutar do passeio gratuitamente. Para participar, basta se inscrever clicando aqui! Não esqueça de clicar em QUERO PARTICIPAR e boa sorte!

terça-feira, 15 de julho de 2014

Foto do GSMA será utilizada em disco de múscia africana nos Estados Unidos

English version bellow

Uma das vantagens de escrever um blog é ter a possibilidade de alcançar uma audiência sem fronteiras, literalmente! Através das ferramentas de análise do site é possível acompanhar de onde os leitores estão acessando a internet e assim ter uma idéia do poder de penetração das postagens. Desta forma ficamos sabendo que o blog é muito acessado nos Estados Unidos, por exemplo. E foi de lá que recebemos uma mensagem de Helder Tsinine, um músico moçambicano radicado em Boston, que se interessou por uma das fotos utilizadas na matéria Tchova e o Burro Sem Rabo (clique aqui para ler a postagem).

Tchova é este carrinho empurrado pelo garoto.

O texto é um relato da viagem à Moçambique e fala sobre o hábito moçambicano de transportar todo tipo de mercadoria em pequenos carrinhos de tração humana, as tchovas. Helder viu a matéria e entrou em contado conosco porque está produzindo um álbum com músicas de sua autoria cujo nome é justamente Tchova Nholo que, segundo ele, significa "ter esperanças e nunca desistir", solicitando permissão para utilizar a foto acima na produção do disco.

A imagem original foi tratada digitalmente e serviu de base para as peças gráficas de divulgação dos shows e capa do cd a ser lançado.

Peça de divulgação com imagem estilizada da foto original.

Em tempos de globalização, é interessante perceber como a tecnologia pode atuar como fator de integração entre as pessoas, pois uma foto tirada por um brasileiro em Moçambique foi encontrada por um moçambicano residente nos Estados Unidos!

Desejamos sucesso ao Elder em sua carreira e vamos torcer para que Tchova Nholo traga os resultados esperados.

Para saber mais, veja o perfil de Helder Tsinine no Facebook clicando aqui.

A globetrotter picture from GSMA


One of the advantages of writing a blog is to have the possibility to reach an audience without borders, literally! Analysing results from site tools  we can monitor from where readers are accessing the internet and get a sense of the power of penetration of posts. Thus we realised that the blog is very accessed in the United States, for example and was from there I received a message from Helder Tsinine, a Mozambican musician living in Boston who was interested in one of the photos used in the article Tchova and No Tail Donkey (click here to read the post).

The text is an account of a trip to Mozambique and talks about the habit of Mozambicans carry all kinds of goods in small human-powered carts, the tchovas. Helder has read the post and came in contact with us because it is producing an album with songs of his own whose name is rightly Tchova Nholo which, he said, means "hope and never give up", requesting permission to use the picture in the disc production .

The original image was digitally processed and formed the basis for the graphic elements for disclosure shows and the cover of the CD that will be released.

In times of globalization, it is interesting to see how technology can act as an integrating factor among people, because a picture taken by a Brazilian in Mozambique was found by a Mozambican resident in the United States!

We wish success to the Elder in his career and let's hope Tchova Nholo bring the expected results.

To learn more, see Helder's profile on Facebook, clicking here.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tchova e o Burro Sem Rabo - Maputo - Moçambique

Outro aspecto que marcou na viagem que fiz a Moçambique foi o hábito, certamente movido pela necessidade, de transportar todo tipo de coisas em pequenos carros de tração humana, as Tchovas.

De acordo com o Vocabulário de Moçambicanismos de Carlos Alberto Machado, a palavra Tchova é uma expressão irônica em língua changana que significa ”empurra que há-de pegar” e designa um tipo de carrinho puxado ou empurrado à mão, geralmente de duas rodas, e que é usado frequentemente como meio de transporte alternativo de carga a baixo custo.

Como na época morava em Porto Alegre, no extremo sul do Brasil, não estava habituado a esta modalidade de transporte, o quê explica a surpresa. Foi  só em 2009, com a mudança para o Rio de Janeiro que percebi que este hábito havia sido incorporado em algumas regiões do país.

Com relação ao Brasil, cabe destacar que aqui este tipo de prestador de serviço é conhecido como Burro Sem Rabo, em analogia que dispensa explicações. Outra diferença, é que os carrinhos brasileiros apresentam uma diversificação maior de modelos, muitos dos quais otimizados para um tipo específico de carga. Há também a incorporação da bicicleta como forma de aumentar o conforto e diminuir o esforço.

Ecologicamente falando, o uso desta alternativa apresenta enormes vantagens, pois não são poluentes, promovem o exercício físico e não agridem a paisagem. Do ponto de vista econômico, dinamizam um setor popular e que requer baixo investimento e oferecem a população uma alternativa mais acessível em termos de custo do frete.



Família transporta geladeira em uma tchova, em Catembe.
Family carries a refrigerator in a tchova - in Catembe - Mozambique.

Freteiros em busca de fregueses pelas ruas de Maputo.
Freighters in search of customers through the streets of Maputo - Mozambique.


Entrega em domicílio, na Ilha de Paquetá.
Home delivery, on the island of Paqueta - Brazil.



Carregador transporta mercadorias na Feira do Rio Antigo.
Charger carries goods in Rio Antigo Fair - Brazil.

Ambulante oferece sua mercadoria no Aterro do Flamengo.
Street vendor offers its merchandise in Flamengo - Brazil.


Tchova and No Tail Donkey - Maputo - Mozambique

Another aspect that marked me in the trip I took to Mozambique was the habit to transport all sorts of things in human-powered small cars, named Tchovas.

According to the Vocabulary of Moçambicanismos, from Carlos Alberto Machado, the word tchova is an ironic expression in changana language which means "push to get there" and refers to a type of cart pulled or pushed by hand, usually two-wheeled, and which is often used as alternative means of transport load at low cost.
As at in this time I lived in Porto Alegre City, in extreme southern Brazil, I was not accustomed to this mode of transportation, what explains my surprise. It was only in 2009, when I moved to Rio de Janeiro I realized that this habit had been incorporated in some regions of the country.

With respect to Brazil, it is worth noting that this type of service provider is known as Burro Sem Rabo, a joke of words that make sense in portuguese and can be translated like No Tail Donkey. Another difference is that the Brazilian carts have a greater diversification of models, many of which are optimized for a specific type of load. There is also the embodiment of the bicycle as a way to increase comfort and decrease efforts

In terms of ecology, the use of this alternative presents enormous advantages, because they are not pollutants, promote exercises and do not harm the landscape. From the economic point of view, increase a popular industry that requires low investment and offer to the public a more affordable alternative in terms of cost of freight.