quarta-feira, 22 de março de 2017

Tag Wanderlust - porque viver é a maior viagem!


Por que wanderlust?


O termo wanderlust é uma expressão de origem alemã e exprime um conceito intraduzível para o português, mas perfeitamente compreensível para os viajantes de plantão: é o desejo profundo de viajar, explorar, conhecer coisas e destinos novos, bem como uma saudade inexplicável de lugares que - ainda - não se conhece.

E o que acontece quando esse desejo transborda de tal maneira que a pessoa se sente compelida a compartilhar suas experiências com a humanidade? Surge um blog de viagem, é claro!

Dessa simbiose meio estranha surgiu uma brincadeira que consiste em convidar colegas blogueiros a responderem 10 perguntinhas sobre seus hábitos e costumes enquanto viajantes. Quem nos convidou foi a Júlia Sampaio do blog Fora da Toca, a quem agradecemos pela oportunidade de falar sobre esse assunto que está presente em todos os momentos de nossa vida.

Paulo e Renata curtindo um friozinho no Valle Nevado.

Como o Gastando Sola Mundo Afora é escrito à quatro mãos, nada mais justo que cada membro da equipe dê a sua versão dos fatos. Assim, sem mais delongas ...

Vamos às perguntas:


1) Quando e para onde ia o seu primeiro avião?

Paulo: Como meu pai era ferroviário, viajávamos muito de trem quando era criança. Talvez por isso minha primeira experiência com aviões tenha acontecido quando eu já era bem taludinho. Embarquei num voo da saudosa Varig rumo à Brasília para participar de um treinamento profissional. Isso lá pelos idos de 1994!

Renata: Minha primeira viagem de avião foi para turistar em Alagoas, provavelmente em 1995.

2) Para onde você já foi e gostaria de voltar?

Paulo: África, mais especificamente para o Kruger Park na África do Sul. Visitei o parque em 2006, pouco tempo depois que meu equipamento fotográfico havia sido roubado! Viajei com uma câmera tipo saboneteira e, sempre que olho para as fotos daquela viagem, juro para mim mesmo que vou voltar e fotografar aqueles animais todos novamente!!

Renata: Rio Grande do Sul, onde vivi por um bom tempo numa cidade chamada Lagoa Vermelha.

3) Você está viajando amanhã e dinheiro não é o problema. Para onde você vai?

Paulo: África! Kruger Park!! Preciso preencher essa lacuna do meu passado!!!

Renata: Nova Zelândia. Fiquei encantada com as locações da trilogia do Senhor dos Anéis.

4) Método preferido de viagem: avião, trem ou carro?

Paulo: Como se diz no meu Rio Grande, de a pé. Não é a toa que o nome do blog é Gastando Sola Mundo Afora. Avião, trem e automóvel são meios para se chegar até o destino. Para mim a viagem acontece mesmo quando começo a explorar cada canto do lugar em busca do melhor ângulo, da luz ideal, daquele enquadramento matador. E isso vale tanto para trilhas na natureza quanto para excursões urbanas.

Renata: Trem!

5) Site preferido de viagens?

Paulo: Companhias aéreas com promoções arrasadoras.

Renata: Aquele que me mostra lugares incomuns para turistas.

6) Para onde você viajaria só pra comer a comida local?

Paulo: Quem me conhece sabe que não tenho preconceito alimentar, apenas uma restrição devido a intolerância a lactose. Por isso, sempre que viajo experimento de tudo. Nunca pensei em viajar para experimentar um determinado prato, mas quando em viagem nunca deixo passar a oportunidade de fazê-lo.

Renata: Grécia, provavelmente porque o Paulo vive falando em comer azeitonas e beber vinho branco olhando para o Mar Egeu ...

7) Você sabe seu número de passaporte de cabeça?

Paulo: Não, mas tenho cópia para uma eventual necessidade.

Renata: Não.

8) Você prefere o assento do meio, corredor ou janela?

Paulo: Gosto da janela para ver a paisagem, principalmente quando viajo via terrestre. Por via aérea muitas vezes dou preferência ao corredor para poder esticar as pernas - que não são pequenas.

Renata: Meio, até porque o Paulo adora ir na janelinha.

9) Como você passa o tempo quando está no avião?

Paulo: Via de regra dormindo. Em voos muito longos gosto de assistir séries ou filmes no sistema de entretenimento de bordo (quando disponível). Tenho por hábito manter meus dispositivos eletrônicos desligados durante a viagem. Vai que é verdade que eles interferem com o funcionamento da aeronave ...

Renata: Aflita! E rezando.

10) Existe algum lugar para onde você nunca mais voltaria?

Paulo: Eu jamais voltarei para a pessoa que eu era antes de começar a viajar. Isso mudou a minha vida de tal forma que faço questão de manter do jeito que está. Quanto a lugares propriamente ditos, não tenho problemas em voltar, mas, se possível, em diferentes épocas do ano para fazer novas fotografias.

Renata: Não.


Espero que tenham gostado de nossa participação nesta brincadeira. E para não quebrar a corrente já convidei um trio que com certeza tem muita história pra contar. São elas Sylvia Yano do Sentidos do Viajar, Viviane do Vivi Trilhas, Lena Reis do Viajando No Blog e Ana Morize do Viagens Bacanas.

quinta-feira, 16 de março de 2017

O Corsário ataca novamente - Rio de Janeiro - RJ

Como diria meu avô "barco parado não ganha frete" e foi dentro deste espírito inquieto que a equipe d'O Corsário Carioca içou mais uma vez as velas de sua nau capitânia e partiu para conquistar corações e mentes para seu projeto de turismo pedagógico e corporativo.

Singrar as águas da Baía de Guanabara com essa tripulação é uma experiência inesquecível - para saber como é veja o post Um Corsário ao contrário, clicando aqui - mas desta vez o objetivo ia além de encantar, divertir e difundir cultura. O Corsário estava em busca de parceiros para essa jornada que exige bem mais que disposição e boa vontade para poder continuar acontecendo.

Marcelo Senra recepciona os participantes do evento.

De acordo com Marcelo Senra, idealizador do projeto, essa edição do evento foi um FamTur com ênfase na divulgação e desenvolvimento de negócios. Estiveram presentes 105 pessoas, representantes de diversas empresas, instituições, agências de turismo e blogs de viagem. Destaque para a participação da Sra. Pepita Soler, CEO da Pepitas Secretareis Club, representantes do Consulado Americano, da Presidência da Globo Comunicação e Participações S.A. e Jean Pierre Domingues, que levou 40 representantes de empresas ligadas ao turismo de aventura e turismo pedagógico.

Navegando rumo ao futuro


Determinados a oferecer um serviço de excelência aos seus passageiros, a dupla Marcelo Senra e Elizethe Potye - sócios na empreitada, junto a Marcio Novas - diretor da Oya Turismo e proprietário da embarcação - estão introduzindo algumas melhorias no serviço de bordo. Além dos sucos, amendoim e água, a partir de agora a tradicional salada de frutas será servida em cestas de biscoito, que além de serem mais charmosas são também mais práticas. Foram introduzidos no cardápio geladinhos (também conhecidos como sacolé) de sabores diversos e a dupla carioquíssima Mate Leão e Biscoitos Globo.

Hora da merenda!

Veja estas e outras imagens no álbum Gastando Sola com O Corsário Carioca em nossa página no Facebook.

Oficina de cartografia.

Mas os planos não param por ai. A ideia é justamente montar parcerias que permitam incrementar o que já está sendo feito e dar início a uma série de melhorias. Marcelo Senra planeja decorar o barco para que ele fique com uma aparência mais temática. Por exemplo, aprimorar os figurinos e as apresentações, utilizar barris de pólvora (falsos, é claro) como latas de lixo e colocar uma enorme bandeira pirata tremulando ao vento junto à tradicional bandeira d'O Corsário Carioca. Trocando em miúdos, o que ele quer é deixar a escuna atual com a cara de um autêntico navio pirata...

A trupe que dá vida a vários personagens da história carioca.

E é claro que todo navio tem sua tripulação, a qual faz toda diferença para que cada viagem seja um sucesso. São eles:
  • Marcelo Senra e Elizethe Potye, como sócios d'O Corsário Carioca;
  • Bruno Senra, como Estácio de Sá;
  • Gil Monteiro, como Mem de Sá e o Corsário francês René Duguay Trouin;
  • Alessandro Persan, como Nicolas Durand de Villegagnon;
  • Leo Amorim, como Cacique Araribóia e o Corsário francês Jean François Du Clerc;
  • Rafael Gota, como Padre José de Anchieta e historiador;
  • Paulinho Andrade, como Cacique Aimberê;
  • André Luis Mansur, escritor e jornalista como apoio;
  • Felipe Duval, José Carlos Gomes, Alice Novaes, Vanderlaine Menezes e Renata Lia Ferreira (biólogos, oceanógrafos, cartógrafos e professores) como monitores das oficinas de Especiarias, Cartografia e Baía de Guanabara;
  • Sargentos Marcio Amauri, Anderson Muniz e Rodrigo Oliveira, oficiais do GMar, como equipe de segurança a bordo;

A aventura não pode parar!


No próximo sábado, dia 18 de março, O Corsário Carioca estará levantando âncora da Marina da Glória para celebrar o primeiro aniversário pirata infantil a bordo, ocasião em que a encantadora Letícia Bianchi celebrará seus 11 anos junto aos seus familiares, amigos e convidados.

E no dia 02 de abril, às14:30, marinheiros de todas as idades poderão se apresentar no mesmo cais para fazer parte de mais uma divertida aventura com a tripulação d'O Corsário. Vai ter Mate Leão, Biscoito Globo, sacolé geladinho, salada de frutas e tudo que os cariocas - da gema ou do coração - apreciam. Para os mais audazes, oficinas de cartografia e especiarias. E corre a boca miúda que velhos inimigos irão passar suas diferenças a limpo numa incrível luta de espadas e num duelo de repentes que envolve até feitiços!

Para participar, basta entrar em contato com Marcelo Senra pelo email ocorsariocarioca@gmail.com, ou através do telefone (21)99377-1856.

O Gastando Sola Mundo Afora participou deste evento a convite do O Corsário Carioca.

terça-feira, 14 de março de 2017

Paquetá, uma ilha e seus sabores - Rio de Janeiro - RJ

Fazia algum tempo que não gastávamos sola pelas ruas de Paquetá, o bairro carioca que é uma ilha e é conhecido por ser quase um personagem do romance A Moreninha, obra de Joaquim Manoel de Macedo. Para se ter uma ideia, na última vez em que lá estivemos as charretes ainda eram puxadas por cavalos. Agora a prática está proibida e os veículos tradicionais foram substituídos por modernos - e totalmente desprovidos de charme - carrinhos elétricos. Melhor para os pobres animais que realmente sofriam sob uma rotina exaustiva, mas que mesmo assim eram simpáticos e bonitos de se ver.

Assim, neste fim de semana fomos até a estação das barcas na Praça XV e nos juntamos a centenas de cariocas que, como nós, haviam decidido passar o dia na Ilha dos Amores, como também é conhecida Paquetá.

A barca que nos levou até lá possui capacidade para 2.000 passageiros (é gente pra caramba!), mas felizmente não estava lotada. Muitos embarcaram carregando todo o equipamento necessário para um típico dia de veraneio: caixas de isopor com bebidas, sacolas, cadeiras de praia, sacos de carvão e até churrasqueira. Sempre é bom lembrar que nos finais de semana é comum o afluxo de um grande número de turistas nativos que vão em busca de um lazer relativamente barato nas praias de Paquetá. E é claro que não podiam faltar ainda os instrumentos musicais indispensáveis para um bom pagode! Assim fomos navegando embalados pela alegre cantoria de um grupo muito animado.

O percurso dura em torno de uma hora e vinte minutos e no caminho é possível apreciar as belezas da Baía de Guanabara, bem como veleiros, pequenas embarcações, navios e instalações industriais relacionadas ao processamento de petróleo e gás natural.

Uma das embarcações utilizadas na linha Praça XV - Paquetá.

Já na aproximação é fácil de perceber porque Paquetá ocupa um lugar de destaque na preferência dos cariocas. A topografia da ilha é composta por uma alternância entre morros arborizados e praias de águas calmas - infelizmente não muito limpas devido à poluição que assola a baía como um todo. E para completar o cenário, em dias claros, o contorno da Serra dos Órgãos, com o pico Dedo de Deus, se destaca na paisagem.

Ponta da Ribeira com o Relógio da Mesbla e a Serra dos Órgãos ao fundo.

Como a imensa maioria dos passageiros tinha como destino a Praia da Guarda - do outro lado da ilha - pouco tempo depois de finalizado o desembarque a calma voltou a reinar na praça em frente à estação e demos início ao nosso roteiro particular.

Praia dos Tamoios


Desta vez decidimos iniciar a caminhada pela Praia dos Tamoios, que oferece uma bela vista e onde estão localizados alguns atrativos turísticos, como o canhão de D. João VI e Maria Gorda, um baobá africano naturalizado paquetanense, sobre o qual se contam muitas lendas e histórias. Em 2014 publicamos um post sobre ele (para ver, clique aqui).

Renata fazendo pose em frente à Maria Gorda.

Um pouco antes da praia propriamente dita está a igreja da Paróquia Senhor Bom Jesus do Monte, uma edificação singela do início do século XX, com o teto todo em madeira aparente e belos vitrais. No pátio, ao lado da igreja, funciona uma cantina que serve refeições ao estilo prato-feito a preços módicos (no dia em que visitamos o custo era de R$ 20,00). Não experimentamos para saber se é bom ou não, mas o pessoal que nos atendeu foi de uma simpatia ímpar. Fica a dica.

Seguindo pela praia logo de cara se observa um fenômeno comum por aqui: árvores no meio da rua, literalmente.

É comum encontrar árvores no meio da rua em Paquetá.

Interessante que isso não é necessariamente um problema. Como não são permitidos automóveis na ilha, sua presença, ao contrário de ser um incômodo, traz o alívio da sombra nos dias ensolarados e o trânsito das bicicletas é feito normalmente ao seu redor.

Capela de São Roque


São Roque é padroeiro de Paquetá e por isso tem uma merecida capela em sua homenagem. Infelizmente a história se encarregou de manchar suas paredes com o sangue das vítimas da Revolta da Armada (para saber mais, clique aqui), mas hoje em dia poucos lembram desta passagem e os sinais foram devidamente apagados.

Praça e Capela de São Roque.

Em frente à capela há uma praia também batizada com o nome do padroeiro. É um lugar tranquilo, como de resto o é toda a ilha, e muito bonito.

Vista da Praia de São Roque.

Uma saborosa pausa para o almoço


A estas alturas o sol já estava alto e se aproximava do meio-dia. Como bem próximo à capela fica a Casa de Artes Paquetá, resolvemos dar uma paradinha ali para decidir com calma aonde iríamos almoçar. A Casa é uma instituição ligada à preservação da cultura e da natureza com forte atuação na área da música (a Orquestra Jovem Paquetá nasceu aqui) e sua sede é um vetusto casarão muito bem conservado de frente para a praia com uma ampla área arborizada nos fundos, onde algumas mesas estrategicamente espalhadas são um convite irrecusável ao ócio, seja ele criativo ou não.

Uma vez instalados sob a sombra de um frondoso pé de cacau demos início a degustação da Cerveja Paquetá (R$ 19,00 a garrafa de 600ml), que deve seu nome à ilha mas é produzida em Nova Friburgo. O cardápio estava ali dando sopa, o papo estava agradável, a cerveja gelada e, como uma coisa leva a outra, acabamos por fazer nossos pedidos e estender a permanência naquele recanto tão agradável.

E por falar em cardápio, o daqui tinha que fazer jus a verve criativa dos donos da casa. A descrição dos pratos é um tanto diferente do que se costuma encontrar por aí. Se não, vejamos. Eu escolhi Costelinhas Salve o Karl! (R$ 35,00):
"As lindinhas são preparadas, sem pressa, no nosso molho caótico, com uma queda para o oriente, e desossadas.Vêm acompanhadas de farofinha de alho e outros enfeites. E, devido à farta safra do final de ano, molho de pitanga. Dádiva dessa sagrada árvore entre o leitor e o céu deste quintal. E você sabe quem é o Karl? É nada menos que o alemão, nosso Rei Momo de Paquetá, e é chegada a hora das reverências."
Já a Renata foi de Nessas Noites Olorosas, nome que faz referência a uma estrofe do Hino de Paquetá (então, além de Rei Momo próprio, Paquetá tem seu próprio hino) e designa um peito de frango grelhado na mostarda e no molho de fungui com acompanhamentos (R$ 29,00).

Só resta dizer que o atendimento é primoroso, as porções generosas e os pratos saborosos. Precisa mais do que isso?

Hora de voltar


A caminhada de volta à estação das barcas foi feita com calma, pois havia tempo suficiente para mais algumas fotos antes do horário previsto para o retorno à Praça XV.

Mesmo assim chegamos com bastante antecedência. O suficiente para saborear um sorvete na Carecas e Frescos (2 bolas por R$ 6,00), misto de mercado, padaria, bar e, claro, sorveteria. Ela fica na rua principal e dali podíamos observar a intensa movimentação de bicicletas, principal meio de locomoção dos moradores locais. Neste ponto se concentram os riquixás, que cumprem o papel de táxi, a espera dos passageiros que desembarcam na estação ou no pier ao lado.

Trânsito pesado na rua principal ...

O retorno é bastante tranquilo e, conforme a hora em que se pega a barca, é possível admirar o entardecer na Baía de Guanabara, um  espetáculo que vale a pena conferir.