Foram oito dias de atividades intensas, com longas caminhadas, paisagens de encher os olhos e muito aprendizado com os guias que nos acompanharam nesta aventura. Isto sem falar nas fotos - muitas fotos! - que já estamos publicando em nossa página no Facebook (clique nos títulos para ver as imagens):
A primeira etapa da viagem consistiu em reunir os participantes do grupo no Aeroporto de Brasília, onde um transfer nos aguardava para pegar a estrada rumo ao interior do Estado. O deslocamento foi tranquilo, com pouco movimento e estradas em boas condições. Uma rápida parada no distrito de São Gabriel para um café já deu o tom do que seriam os dias que tínhamos pela frente: muito sol num céu profundamente azul com algumas nuvens fazendo contraponto!
Um rebanho de nuvens na pradaria azul do céu. |
Este é o clima típico de início de inverno no cerrado. Aliás, diga-se de passagem que a época do ano para a realização desta viagem foi escolhida a dedo, uma vez que é a mais indicada para visitar a região por ser o início da estação seca. Na prática isto significa dias ensolarados, temperatura amena e cursos ainda com um bom volume de água. Dali seguimos por mais duas horas direto para Alto Paraíso, onde rolou um "almojanta" às quatro horas da tarde! Depois, mais um pouco de chão até chegarmos ao destino final: Vila de São Jorge.
Vila de São Jorge
São Jorge é um pequeno povoado pertencente ao município de Alto Paraíso, com ruas de chão batido, casas baixas e a sensação de que pressa e urgência são termos que ficaram para trás. De acordo com o relato de um goiano conhecedor da região, a ausência de asfalto não é um problema, mas sim uma opção dos habitantes da Vila, que acreditam ser esta uma forma de manter o progresso e suas mazelas longe de suas portas. Depois de passar alguns dias muito tranquilos por aqui tive que concordar com eles.
Uma rua como outras tantas em São Jorge. |
O que não significa que não se possa contar com os confortos de uma vida moderna. A localidade conta com a infraestrutura básica indispensável, como luz, água tratada, saneamento e telefonia - inclusive móvel. O acesso à internet é precário e nos horários de pico praticamente não há conexão.
Por outro lado, aqui o visitante pode levantar os olhos da tela do celular à noite e se surpreender com um céu muito diferente do que ele está acostumado. Para quem mora num grande centro urbano, como eu, onde a iluminação feérica impede o avistamento de boa parte das estrelas, poder desfrutar de uma visão como esta é um privilégio.
Céu de São Jorge - fazia tempo que não via tanta estrela assim! |
O comércio local conta com dois mercados bem abastecidos e, claro, diversas pousadas. Também há vários bares e restaurantes, mas atente para este detalhe curioso: muitos deles só funcionam de quinta a domingo, que é quando o afluxo de turistas é maior.
Um pouco de história
Inicialmente a região da Chapada era ocupada por tribos indígenas, principalmente pelos Goyazes, bem como por numerosos bandos de veados-campeiros. No final do século XVI os primeiros bandeirantes começaram a chegar em busca de ouro. Em decorrência, os índios foram exterminados assim como os veados-campeiros. Em contrapartida a terra herdou seus nomes: Goiás para o Estado e Chapada dos Veadeiros para a região. Neste período também teve início o povoamento de áreas remotas pelos escravos que fugiam das expedições europeias e fundavam quilombos. Devido à dificuldade de acesso, algumas destas comunidades quilombolas permaneceram praticamente intocadas até o século XX, conservando antigos costumes e modos tradicionais de existência.
Em 1912 foi descoberta a primeira grande jazida de cristal-de-rocha, dando início a um novo fluxo migratório que incrementou o povoamento da Vila de São Jorge. Levas de garimpeiros se aventuraram nestas terras em busca de fortuna, motivados pelo preço alcançado pelo mineral, já que existia uma grande demanda da indústria eletro-eletrônica por cristais de boa qualidade. Com o surgimento dos cristais sintéticos, a atividade mineradora entrou em declínio e a região só voltou a ser descoberta pelos idos da década de 70 do século passado, quando uma onda de misticismo fez acorrer outra leva de pessoas, desta vez em busca de revelações espirituais. Segundo eles, a geografia do lugar faz com que esta seja uma região especial do planeta, onde as energias fluem de forma intensa.
Por fim, mais recentemente, a Chapada começou a atrair o interesse do Ecoturismo e do turismo de aventura, graças a suas belas e fascinantes paisagens.
Na trilha
A partir da próxima semana estaremos publicando posts exclusivos contando cada passo desta aventura. Não perca!
Já saiu o primeiro post: Salto do Raizama e Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros - Alto Paraíso - GO