sexta-feira, 17 de julho de 2015

Chapada dos Veadeiros e Vila de São Jorge - Alto Paraíso de Goiás - GO

De 14 a 21 de junho estivemos gastando sola num dos lugares mais bonitos e impressionantes do Brasil, a Chapada dos Veadeiros, no coração de Goiás.

Foram oito dias de atividades intensas, com longas caminhadas, paisagens de encher os olhos e muito aprendizado com os guias que nos acompanharam nesta aventura. Isto sem falar nas fotos - muitas fotos! - que já estamos publicando em nossa página no Facebook (clique nos títulos para ver as imagens):


A primeira etapa da viagem consistiu em reunir os participantes do grupo no Aeroporto de Brasília, onde um transfer nos aguardava para pegar a estrada rumo ao interior do Estado. O deslocamento foi tranquilo, com pouco movimento e estradas em boas condições. Uma rápida parada no distrito de São Gabriel para um café já deu o tom do que seriam os dias que tínhamos pela frente: muito sol num céu profundamente azul com algumas nuvens fazendo contraponto!

Um rebanho de nuvens na pradaria azul do céu.

Este é o clima típico de início de inverno no cerrado. Aliás, diga-se de passagem que a época do ano para a realização desta viagem foi escolhida a dedo, uma vez que é a mais indicada para visitar a região por ser o início da estação seca. Na prática isto significa dias ensolarados, temperatura amena e cursos ainda com um bom volume de água. Dali seguimos por mais duas horas direto para Alto Paraíso, onde rolou um "almojanta" às quatro horas da tarde! Depois, mais um pouco de chão até chegarmos ao destino final: Vila de São Jorge.

Vila de São Jorge


São Jorge é um pequeno povoado pertencente ao município de Alto Paraíso, com ruas de chão batido, casas baixas e a sensação de que pressa e urgência são termos que ficaram para trás. De acordo com o relato de um goiano conhecedor da região, a ausência de asfalto não é um problema, mas sim uma opção dos habitantes da Vila, que acreditam ser esta uma forma de manter o progresso e suas mazelas longe de suas portas. Depois de passar alguns dias muito tranquilos por aqui tive que concordar com eles.

Uma rua como outras tantas em São Jorge.

O que não significa que não se possa contar com os confortos de uma vida moderna. A localidade conta com a infraestrutura básica indispensável, como luz, água tratada, saneamento e telefonia - inclusive móvel. O acesso à internet é precário e nos horários de pico praticamente não há conexão.

Por outro lado, aqui o visitante pode levantar os olhos da tela do celular à noite e se surpreender com um céu muito diferente do que ele está acostumado. Para quem mora num grande centro urbano, como eu, onde a iluminação feérica impede o avistamento de boa parte das estrelas, poder desfrutar de uma visão como esta é um privilégio.

Céu de São Jorge - fazia tempo que não via tanta estrela assim!

O comércio local conta com dois mercados bem abastecidos e, claro, diversas pousadas. Também há vários bares e restaurantes, mas atente para este detalhe curioso: muitos deles só funcionam de quinta a domingo, que é quando o afluxo de turistas é maior.

Um pouco de história


Inicialmente a região da Chapada era ocupada por tribos indígenas, principalmente pelos Goyazes, bem como por numerosos bandos de veados-campeiros. No final do século XVI os primeiros bandeirantes começaram a chegar em busca de ouro. Em decorrência, os índios foram exterminados assim como os veados-campeiros. Em contrapartida a terra herdou seus nomes: Goiás para o Estado e Chapada dos Veadeiros para a região. Neste período também teve início o povoamento de áreas remotas pelos escravos que fugiam das expedições europeias e fundavam quilombos. Devido à dificuldade de acesso, algumas destas comunidades quilombolas permaneceram praticamente intocadas até o século XX, conservando antigos costumes e modos tradicionais de existência.

Em 1912 foi descoberta a primeira grande jazida de cristal-de-rocha, dando início a um novo fluxo migratório que incrementou o povoamento da Vila de São Jorge. Levas de garimpeiros se aventuraram nestas terras em busca de fortuna, motivados pelo preço alcançado pelo mineral, já que existia uma grande demanda da indústria eletro-eletrônica por cristais de boa qualidade. Com o surgimento dos cristais sintéticos, a atividade mineradora entrou em declínio e a região só voltou a ser descoberta pelos idos da década de 70 do século passado, quando uma onda de misticismo fez acorrer outra leva de pessoas, desta vez em busca de revelações espirituais. Segundo eles, a geografia do lugar faz com que esta seja uma região especial do planeta, onde as energias fluem de forma intensa.

Por fim, mais recentemente, a Chapada começou a atrair o interesse do Ecoturismo e do turismo de aventura, graças a suas belas e fascinantes paisagens.

Na trilha


A partir da próxima semana estaremos publicando posts exclusivos contando cada passo desta aventura. Não perca!

Já saiu o primeiro post: Salto do Raizama e Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros - Alto Paraíso - GO

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Brique da Redenção - Porto Alegre - RS

Brique, para quem não sabe, é um ponto de venda. O termo tem origem no francês Bric-a-brac, posteriormente aportuguesado para bricabraque e finalmente reduzido à brique! No extremo Sul do Brasil ele é utilizado também para sinalizar aquelas lojinhas de móveis e objetos usados e, mais recentemente, para designar a maior feira de artesanato e antiguidades do Rio Grande do Sul: o Brique da Redenção.

Mas dizer que o Brique da Redenção é apenas uma feira não faz jus à dimensão sócio-cultural no qual se transformou este evento que atrai milhares de pessoas todos os domingos pela manhã ao Parque da Redenção - ou Parque Farroupilha, como também é conhecido. O que começou como uma reunião de antiquários na década de 70, em 2005 foi proclamado Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul e se converteu num dos maiores atrativos turísticos da cidade de Porto Alegre.

Venha para ver e ser visto


Isto vale em todos os sentidos. Apesar da venda direta ser boa, alguns expositores deixaram claro que o Brique é uma grande vitrine e uma excelente forma de estar em contato com potenciais clientes, incluindo lojistas que buscam novidades para seus negócios. E não pense que é fácil montar sua barraquinha por aqui! Há um rigoroso processo seletivo e acompanhamento constante para garantia da qualidade. Isto sem falar que a entrada de novos expositores só ocorre com a abertura de vagas pela saída de algum veterano, o que não acontece frequentemente.

Família faz pose para Lambe-lambe.

Por outro lado, muitos frequentadores gostam de fazer do Brique um ponto de encontro para rever novos e velhos amigos e - óbvio! - saborear aquele chimarrão ao sol (no inverno, pois no verão a preferência é pela sombra amiga das árvores que margeiam a avenida). Isto vale para encontros previamente combinados ou não, pois no meio de tanta gente é comum encontrar um rosto conhecido e partir para colocar a prosa em dia.

Políticos em época de campanha, atores, músicos, divulgadores de causas humanitárias ou comerciais, todos acorrem ao Brique na esperança de se fazerem ver e ouvir.

De Feira das Pulgas à Patrimônio Cultural do Estado


Em 1978, por iniciativa da Prefeitura de Porto Alegre, um grupo de especialistas elaborou um projeto de implantação de uma feira de antiguidades, tendo como base as feiras que já ocorriam em San Telmo, em Buenos Aires, e do Mercado de Pulgas em Montevidéu. A Feira das Pulgas, como foi chamada, era inicialmente composta por 24 expositores que comercializavam objetos antigos.

Vários artistas locais expõem suas obras no Brique da Redenção.

Passados quatro anos, em 1982, a Feira recebeu o reforço de 40 artesãos e artistas plásticos que começaram a expor seus produtos no parque, ao lado dos antiquários. De lá para cá o sucesso crescente fez crescer também a Feira, que passou a ser conhecida como Brique da Redenção e aos poucos foi ganhando organização e se institucionalizando. Em 26 de outubro de 2005 foi sancionada a Lei 12.344 que declarou o Brique da Redenção integrante do patrimônio cultural do Rio Grande do Sul e no ano seguinte o Brique tornou-se a primeira feira do país a utilizar coletivo de venda com cartão de crédito.

Originalidade com qualidade


Uma volta pelas barracas enfileiradas ao longo da Av. José Bonifácio é o suficiente para comprovar o alto nível dos itens expostos. São artigos que primam pela qualidade no acabamento, mas que também se destacam por serem originais.

Após visitar mais de uma centena de feiras de artesanato Brasil afora e encontrar sempre o mesmo estilo de produção - que não por acaso apelidei de artesanato industrializado - chamou minha atenção o número de barracas que ofereciam produtos exclusivos e efetivamente feitos à mão! No Brique ainda se pode encontrar manifestações regionais genuínas com qualidade, bom gosto e o toque nada sutil de um humor escrachado, bem de acordo com o jeito franco de ser do gaúcho.

Por exemplo, em que outro ponto do País se encontra um chaveiro de couro trançado com uma unha de avestruz? Ou facas que são verdadeiras obras de arte, com lâminas feitas de aço de arado? Se ficou curioso não deixe de conferir a banca 16 do Daniel Guasqueiro. Por aqui também encontrei vários artesãos que transformam porongos em cuias de chimarrão ornadas com prata que fazem bonito tanto em sedes de fazenda quanto em joalherias. Isto sem falar nas miniaturas de Nilton Costa (box 35) que reproduzem o modo de vida campeiro com detalhes e muita alegria.

O principal adereço do gaúcho não podia ficar de fora.

O certo é que isto não ocorre por acaso. O sucesso do Brique é fruto de muito trabalho e empenho dos participantes em fazer o negócio funcionar de forma organizada. Os expositores estão divididos em quatro setores bem distintos: artesanato (o maior de todos), artes plásticas, alimentação e antiquário. A seleção dos expositores se dá através de triagem, feita por um grupo especial de avaliadores dentro de cada segmento, sendo que cada um destes segmentos tem representantes que integram a comissão especial encarregada de discutir periodicamente as questões do Brique através de pautas de trabalho. A representação formal do Brique se dá através da Associação dos Artesãos do Brique da Redenção – AABRE, entidade civil registrada e com personalidade jurídica.

Mas ao perambular pelas barracas coloridas curtindo o burburinho dos tomadores de chimarrão você não precisará lembrar disto. Aprecie o momento e não deixe de comprar um souvenir, afinal o Brique está ali pra isso!

Veja estas e outras fotos no álbum Brique da Redenção (clique aqui) em Abaretiba, nossa página no Facebook.

Brique da Redenção


Onde: Avenida José Bonifácio, no Bairro Bom Fim, junto ao Parque Farroupilha;
Quando: Todos os Domingos das 9h às 18h;
Entrada franca.

Fonte


BRIQUE DA REDENÇÃO : institucional. Disponível em http://briquedaredencao.com.br/brique/institucional/. Acessado em 02 jul. 2015.