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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O estranho caso da velha que explodiu - Manaus - AM

Quem viaja sempre tem história pra contar, pois o que não falta numa viagem são imprevistos, surpresas e emoção frente ao inesperado. Por vezes os relatos soam tão estranhos para quem não vivenciou aquele momento que chega a ser difícil para o ouvinte acreditar no que conta o viajante. O mesmo acontece com quem pesca, mas neste caso, de tanto exagerar no tamanho dos peixes que escaparam, o termo pescador é quase um sinônimo de mentiroso, não é mesmo?

E o que acontece quando se viaja para um lugar em que todo mundo é pescador? O diário de bordo volta com histórias a rodo, é claro!!

Senta que lá vem a história


Durante nossa estada em Manaus tivemos a oportunidade de confraternizar com grandes figuras, nascidas e criadas em meio a uma natureza exuberante, que só faz excitar a imaginação, e que nos brindaram com causos maravilhosos. De um modo geral todos tem um fundo de verdade e uma certa dose de exagero, remetendo a aspectos da sabedoria popular, lendas amazônicas e provas de coragem. Verdadeiros? Isso já é outra história ...

Entre uma prosa e outra fomos anotando as mais pitorescas, todas contadas dentro de um linguajar próprio, recheado de palavras exclusivas da região. Para facilitar o entendimento, acabamos por reunir os termos num pequeno glossário, reproduzido no final deste post.

Dentre as muitas que ouvimos recordo aquela da sucuri gigante que cava túneis por baixo da Amazônia, causando desmoronamentos na superfície. Uma sonda da Petrobrás até já localizou o bicho. Eles só não matam a cobra porque ela é tão grande que iria contaminar todo o Rio Amazonas! Gostou? Então tome outra: certa feita um caboclo entrou no rio para flechar um tambaqui parrudo. Ia pisando com cuidado no fundo barrento quando sentiu algo duro. Pensando ser um tronco, subiu, firmou a azagaia e retesou o arco. Quando ia flechar a presa, o "tronco" começou a se mexer e veio à tona um enorme jacaré com o caboclo por cima!! Dotado da agilidade que só o medo é capaz de fornecer, surfou o bichão até conseguir chegar na margem, desgostoso por ter perdido a oportunidade de pegar um peixão. Mas de todas as histórias que ouvimos nenhuma se compara a esta:

O Estranho Caso da Velha que Explodiu


Conta o povo que há muito tempo vivia lá pros lados de Varre Vento o Caboclo Chicotada. De origem incerta - alguns dizem que ele era filho de boto e outros de cobra - o certo é que era um mateiro valente, hábil no uso do tessada, versado nas artes da mandinga e capaz de enfrentar qualquer misura sem pestanejar.

Caboclo segue rio acima em seu casco.

Certa feita estava o Caboclo Chicotada em Manaus, negociando uma partida de pirarucu salgado que trouxera para vender na capital, quando soube que uma velha senhora, sua conterrânea, havia partido desta para a melhor enquanto visitava parentes na cidade.

Consternado pela notícia foi apresentar seus respeitos aos poucos familiares reunidos num pequeno velódromo. Entre os suspiros das mulheres e o murmúrio dos homens, ficou sabendo que nenhum barqueiro queria levar o corpo da defunta para ser sepultado em sua terra natal, como manda a tradição. Superticiosos ao extremo, alegavam ser mau agouro transportar um caixão - seja num imponente motor ou num modesto casco. Sabedores de sua valentia, os parentes da falecida apelaram ao Chicotada para que levasse a finada vozinha em sua canoa na viagem de volta.

Sensível aos apelos daquela pobre gente e alheio ao medo que costuma assolar aqueles que temem o sobrenatural, Chicotada não se fez de rogado e aceitou a missão. Assim, ao raiar do outro dia, um pequeno cortejo deixava o velódromo rumo a uma pequena praia no Rio Negro, onde Chicotada e outros quatro caboclos aguardavam para dar início ao transporte daquela carga inusitada.

Feitas as despedidas, lá se foram os canoeiros remando debaixo de um sol forte rumo ao Campo Santo de Varre Vento. Na Amazônia tudo é grande, principalmente as distâncias, por isso não é de estranhar que Chicotada e seus amigos levaram dois dias para alcançar o seu destino.

Como o nível do rio estava baixo devido a época do ano, ao chegarem em Varre Vento os remadores tiveram dificuldade em localizar um ponto de atracação que facilitasse o transporte do esquife. Por isso, decidiram desembarcar primeiro os remadores para procurarem o melhor caminho rumo ao Cemitério. Para evitar qualquer imprevisto, deixaram Chicotada tomando conta da canoa com a defunta e se embrenharam mata a dentro.

Cansado pelo tanto que havia remado para chegar até ali e afogueado pelo calor, o caboclo começou a sentir um aperto de fome a subir pelas entranhas. Conhecedor dos segredos da mata, não tardou a localizar um ingazeiro carregado de frutas que estendia seus ramos sobre a água. Sem perda de tempo remou mais alguns metros e começou a se fartar com aquela delícia que a mãe natureza oferecia.

Entretido em matar quem estava lhe matando, mal percebeu quando um assobio agudo cortou o silêncio que reinava no local. Lá se foi um ingá goela adentro e mais outro e outro e enfim dezenas de ingás já haviam se passado quando o assobio se fez presente, desta vez mais forte:

- Fiuuuuuuuu ...

Agora Caboclo Chicotada escutara bem escutado. A mão direita segurava mais um ingá rumo a boca, mas estava parada, suspenso o movimento no meio do caminho. Que diacho de assobio era aquele? Em toda sua vida, Chicotada nunca escutara nada igual. Bicho não era. Misura também não ...

- Fiuuuuuuuuuu ...

Desta vez o barulho foi mais alto. Chicotada levou a mão ao tessada e fez menção de levantar, mas um poderoso estrondo o fez cair na água, junto com a tampa do caixão!!

Ainda aturdido pela violência do baque, Chicotada segurou na borda do barco enquanto o banzeiro provocado pela explosão se espalhava pelo igarape. Ao sentir o pitiú que empesteava o ar compreendeu logo o que havia ocorrido. A pobre senhora passara desta para a melhor há três dias e o forte calor que haviam enfrentado na viagem devia ter apressado a decomposição. Como o caixão estava bem fechado, os gases formados durante este processo foram se acumulando até que a madeira não pode mais suportar a pressão.

O barulho foi tão forte que os companheiros voltaram correndo, a tempo de encontrar o Caboclo Chicotada tentando voltar para dentro da canoa enquanto recitava seu vasto repertório de impropérios e palavrões que fariam corar até mesmo um frade de pedra!!

Uma vez arrumada a bagunça, o cortejo seguiu rumo a última morada daquela pobre senhora que hoje é mais lembrada pelas circunstâncias de seu enterro do que pelas benfeitorias feitas em vida.

Quanto ao Caboclo Chicotada, contam que seguiu rio acima em busca do portal de acesso ao povo que vive no centro da terra. Mas isto já é uma outra história ...

Glossário Manauara


Azagaia: flecha tipo arpão com ponta de metal, muito utilizada em pescarias;
Açacu ou pau-de-açacu: árvore que exala uma resina que em contato com a pele provoca queimadura;
Banzeiro: ondas, também se diz quando as águas do rio estão agitadas;
Cambada: fieria de peixes;
Cambito: gancho de madeira utilizado para baixar o mato na hora de cortá-lo;
Canoa: barco com mais de 4 m de comprimento;
Carapanã: mosquito;
Casco: canoa pequena, sem motor;
Catraia: barco a remo;
Caxiri: pó alucinógeno;
Dim-dim: sacolé;
Ficou chibata: algo que ficou bom, ficou nota dez;
Ingau: ilha de superfície formada pela vegetação do rio;
Jato: barco de maior velocidade;
Kikao ou Quicao: hot dog, cachorro-quente;
Lancha: barco bem equipado e confortável;
Malhadeira: rede de pesca;
Mambeca: capim flutuante, utilizado como isolante para fazer fogo dentro da canoa;
Maromba: plataforma flutuante utilizada para colocar o gado durante a época da cheia
Misura: assombração;
Motor ou barco de linha: embarcação destinada ao transporte de passageiros;
Pegar o beco: ir embora;
Pegar corda: acreditar numa lorota;
Pegar menino: fazer o parto, ofício de parteira;
Picolé da massa: picolé feito com a polpa da fruta;
Pitiú: catinga, cheiro forte;
Poronga: lamparina de querosone;
Porronco: cigarro de palha;
Quicão: cachorro-quente;
Rabeta: lancha de pequeno porte com motor;
Regatão: barco que cruza o rio abastecendo os ribeirinhos, tipo um mercado flutuante;
Tambaqui: espécie de peixe muito apreciado na culinária amazônica;
Tessada: facão;
Tratar o peixe: limpar e temperar o pescado;
Velódromo: lugar onde se velam os mortos, capela mortuária;

Veja também estes outros posts sobre o Amazonas:



quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Catedral de Nossa Senhora da Conceição - Manaus - AM

A Igreja Matriz de Manaus é uma bela construção em estilo neoclássico, localizada no centro da cidade e voltada para o Rio Negro, conforme o costume português durante o período colonial. É considerada a primeira obra arquitetônica de Manaus, embora o prédio atual tenha sido erguido apenas na segunda metade do século XIX.

Fachada da Matriz, dedicada à N. S. da Conceição.

Um pouco de história


No ano de 1695 missionários carmelitas ergueram uma pequena capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição junto à Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro. Infelizmente não restam mais vestígios desta primeira ocupação, uma vez que ela foi demolida em 1781 para dar lugar a construção de uma outra, a qual nunca foi concluída. Por volta de 1786, por ordem do então governador Manuel da Gama Lobo de Almada, a obra inacabada foi demolida para que outra maior fosse erguida em seu lugar.

Em 1850 um violento incêndio reduz a cinzas a igreja e tem início um lento processo de reconstrução que chegaria ao cabo somente em 15 de agosto de 1878 com a benção e inauguração do templo com a configuração atual. Em 1946 é elevada a condição de Catedral.

Altar-mor visto a partir da nave principal.

Por ser uma construção relativamente recente, a Catedral de Manaus possui um interior sóbrio, bem diferente daquele encontrado nas igrejas barrocas de Minas, por exemplo. Sua beleza singela se revela nos detalhes das pinturas e das estátuas que ladeiam o altar-mor. Boa parte dos materiais empregados em sua construção foram importados da Europa, inclusive os seis sinos que vieram de Portugal.

Detalhe do anjo sobre o altar-mor.

300 anos de resistência!


Como se pode perceber a partir da análise da história da Catedral Manauara, sua trajetória até os dias de hoje tem sido marcada por derrubadas e reconstruções (seja em virtude de melhorias ou de sinistros), donde se pode concluir que sua existência revela o grande apreço que a população lhe devota  e que isto a dotou de uma robusta capacidade de resistir aos sucessivos infortúnios.

Quando visitamos a igreja, em dezembro de 2014, era possível encontrar andaimes espalhados pelo local, como se estivesse ocorrendo alguma reforma. Entretanto, numa das colunas havia um aviso do IPHAN informando que as obras haviam sido embargadas devido a desconformidades em relação ao trabalho de restauro realizado.

Escadaria com os painéis da Via Sacra.

Do lado de fora, duas escadarias em forma de lira conduzem os fiéis da praça ao átrio (a igreja está sobre uma pequena elevação). Ladeando estas escadas há um muro com painéis de azulejos representando as estações da Via Sacra. Infelizmente estes muros encontram-se em lastimável estado de conservação e ameaçam ruir, pondo em risco os passantes e os belos murais de azulejos.

Entre as duas escadas há uma área aberta com evidentes sinais de abandono. Como ela está subdividida por paredes de alvenaria, inicialmente julgamos que se tratava de bancas para comércio. Uma pesquisa posterior revelou que ali funcionava um zoológico e as divisórias eram na verdade as antigas jaulas onde ficavam confinados os animais. Com a transferência destes inquilinos a área ficou jogada a própria sorte.

Somado a isto o cenário caótico formado pelos camelôs alojados na praça e a balbúrdia do trânsito - há um terminal de ônibus com várias linhas ali - a impressão que se tem é de completo abandono. Uma lástima, pois se este recanto tivesse o tratamento adequado certamente seria um ponto turístico tão apreciado quanto o Teatro Amazonas.

O descaso do poder público é evidente, por isso talvez seja hora dos manauaras demonstrarem novamente seu amor pela Catedral exigindo que algo seja feito, antes que uma nova reconstrução entre para a história.


Veja estas e outras imagens em Abaretiba, nossa página no Facebook, no álbum Catedral de Nossa Senhora da Conceição.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Bosque da Ciência - Manaus - AM

Ao saber que iria visitar um local no qual seria possível ver peixe-boi ao vivo logo imaginei que se tratava de alguma estação experimental no meio do mato. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que se tratava do Bosque da Ciência, uma iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA que fica em plena cidade de Manaus, com acesso fácil, estacionamento gratuito e ingressos a R$ 5,00!

Um pedaço da floresta no coração da cidade


São aproximadamente 13 hectares de área verde onde adultos e crianças podem se divertir e aprender sobre o meio ambiente, a natureza e a importância de sua preservação de uma forma totalmente lúdica e divertida.
 
Na Casa da Ciência tem de tudo um pouco.

Um exemplo disto é o museu conhecido como Casa da Ciência, um espaço destinado a funcionar como centro de exposições didáticas que contam um pouco da história da Amazônia. Aqui o visitante encontra painéis informativos, exemplares da fauna e da flora amazônica, maquetes, aquários, amostras de produtos e a reprodução do modo de vida do seringueiro.

Nem peixe nem boi


O bosque conta com outras atrações interessantes, como a trilha suspensa, as ariranhas, os jacarés e os poraquês (peixe-elétrico). Mas indiscutivelmente as estrelas do show são os imensos peixes-boi que vivem em tanques com janelas de vidro para observação dos visitantes.

Todos querem ver o peixe-boi!

Por ser um animal extremamente dócil e muito procurado por sua carne, óleo e couro, o peixe-boi da Amazônia foi caçado até quase a extinção, sendo que a partir da década de 70 tiveram início diversas iniciativas de preservação deste mamífero aquático.

Cauda de peixe-boi.

Os estudos sobre a biologia e conservação do peixe-boi da Amazônia iniciaram-se em 1974 no Laboratório de Mamíferos Aquáticos - LMA, do INPA, o qual já reabilitou com sucesso mais de 60 filhotes, cujas mães foram vítimas de caçadores. Nestes tanques, em 1998, nasceu Erê, o primeiro filhote de peixe-boi da Amazônia reproduzido em cativeiro.

Peixes-boi no tanque de aclimatação, aguardando reintegração no ambiente natural.

Órgãos de defesa ambiental como o IBAMA e o Batalhão Ambiental da Polícia Militar costumam trazer para cá filhotes órfãos recolhidos durante as operações de fiscalização e repressão à caça ilegal. Via de regra os filhotes chegam desnutridos e precisam passar por um período de reabilitação para só então serem transferidos para os tanques de crescimento, onde vivem em média por três anos. Uma vez que atinjam as condições ideais de maturidade, passam algum tempo em tanques de água turva para se adaptarem as condições da vida selvagem. Após este período, são reintroduzidos no ambiente natural.


Para saber mais sobre o Bosque da Ciência visite a página oficial clicando aqui.

Veja estas e outras imagens em Abaretiba, nossa página no Facebook, no álbum Bosque da Ciência - INPA (clique aqui).

Bosque da Ciência

Endereço: R. Otávio Cabral, s/n - Manaus - AM.
Telefones: (092) 3643-3192, 3643-3312 e 3643-3293.
Horário: Terça à sexta das 9h às 12h e das 14h às 17h. Sábados, domingos e feriados das 9h às 16h.
Atenção: Às segundas-feiras o Bosque é fechado para manutenção!
Venda de ingressos: Pela manhã das 9h às 11h30m e a tarde das 14h às 16h.
Valor do Ingresso: R$ 5,00 - crianças até 12 anos e idosos a partir de 60 anos não pagam. Visitas de grupos Escolares terão entrada franca, porém, precisa ser feita uma solicitação através de ofício.
Como chegar: de ônibus pela linha 519, de micro-ônibus linha 810.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Expedição Amazonas - Manaus - AM

No dia 09 de dezembro a equipe do GSMA partiu rumo à Manaus para conhecer uma das regiões mais belas, enigmáticas e fascinantes do planeta: a Floresta Amazônica! Foram 13 dias inesquecíveis gastando sola pelas ruas da antiga capital dos seringueiros, navegando ao encontro das águas, caminhando na floresta, provando pratos típicos e, principalmente, aprendendo muito com o povo da terra.

A viagem


Saímos por volta das 12h30min do Galeão, no Rio de Janeiro, para um voo tranquilo de quatro horas até o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes em Manaus. Como há uma diferença de duas horas no fuso horário desembarcamos às 14h30min horário local. O aeroporto possui instalações amplas e confortáveis, resultado da reforma destinada a atender aos torcedores que visitaram a cidade por ocasião da Copa do Mundo de 2014.

Primeiras impressões


Aqui no eixo Rio-São Paulo, sempre que o assunto é Amazônia, via de regra o enfoque recai sobre aspectos relativos a flora, fauna, desmatamento, questões indígenas entre outros. Com isso nos acostumamos a pensar na Amazônia sempre do ponto de vista do bioma e acabamos por esquecer que ali também existem cidades e muita interação entre o homem e a natureza.

Talvez por isso minha primeira impressão sobre Manaus foi de que aquelas avenidas urbanizadas não deveriam estar ali e que toda aquela atividade tipicamente citadina estava fora de lugar. Mas foi só a primeira impressão, pois logo percebi que o errado nesta história era eu e que o Estado do Amazonas precisa de uma capital a sua altura!

Outra bola fora, fruto do desconhecimento, foi imaginar que o imenso rio que se avistava ao longe fosse o Amazonas, quando na verdade era o Rio Negro. Isso que dá não fazer a lição de casa direito antes de viajar.

Ponte Rio Negro, ligando Manaus a Iranduba.

Felizmente o pessoal que nos apanhara no aeroporto já devia estar acostumado com estas questões e respondia a nossas perguntas com bom humor e simpatia. Assim ficamos sabendo que de fato a cidade de Manaus vem enfrentando um período de acelerado crescimento urbano e sofrendo com a decorrente especulação imobiliária. E que este processo teve um impulso considerável com a inauguração em 2011 da Ponte do Rio Negro, que liga a capital a Iranduba, uma vez que a facilidade de acesso permitiu a construção de diversos condomínios residências neste município.

Praia da Ponta Negra, no centro da cidade.

Outro aspecto que cedo despertou nossa atenção foi a relação do amazonense com os rios que cercam, e servem, a região. Há diversos terminais de passageiros e uma grande Hidroviária na cidade. Isto sem falar na quantidade de pequenos barcos e canoas que se avista por toda parte.

A babel de barcos no Terminal A Jato.

Destes terminais partem os motores (barcos de passageiros) com destino as cidades do interior do Estado, como Labreas e Parintins, e mais além, podendo chegar até Belém do Pará. As viagens costumam durar vários dias e a maioria dos passageiros se acomoda em redes no convés da embarcação. Através dos motores os ribeirinhos realizam mudanças, se abastecem com provisões e transportam quem necessita do atendimento médico inexistente em seu local de origem.

Vendo a vida passar.

A natureza ao alcance da mão


Mas o Amazonas não é apenas Manaus e Manaus não é apenas cidade. Já na região metropolitana se pode perceber uma natureza exuberante que a cerca com rios, áreas de selva e um céu que pode trocar o azul profundo pelo aguaceiro num piscar de olhos.

Pôr do sol no Rio Amazonas, na região metropolitana de Manaus.

Desta natureza onipresente vem a fartura que sustenta tanto o caboclo do interior como o manauara e vem se convertendo num item importante da gastronomia brasileira. O crescente interesse que os frutos da floresta vem despertando no setor gastronômico já ultrapassou as fronteiras brasileiras, tornando-os elementos importantes do cardápio tributário amazonense. Destaque para os peixes, tantos e de tão variadas formas e sabores que os mercados daqui destinam uma área específica para eles.

Manta de pirarucu salgado.

Na escola ensinavam que pirarucu é o bacalhau brasileiro. Mas você já provou pirarucu? Se não, saiba que a versão salgada é apenas uma das formas de saborear sua carne e que o ventrecho deste peixe na brasa é um dos pratos mais apreciados pelo povo da terra. E não faltam motivos para isso, pois o sabor é realmente surpreendente.

Cuiu-cuiu, aspecto pré-histórico e sabor de primeira.

Surpresa mesmo ficou por conta do Cuiu-cuiu, um peixe da família dos cascudos que possui um aspecto que lembra um animal pré-histórico, mas tem uma carne também muito apreciada pelos locais. O bicho é tão impressionante que num dos passeios que fizemos um exemplar acabou virando souvenir e hoje faz parte da coleção do GSMA.

Durante nossa estada no Amazonas recolhemos muitas histórias, informações e imagens que, a  partir de hoje, publicaremos numa série de posts sobre temas específicos. Em nossa página do Facebook você já pode ir se deliciando com as fotos que postamos durante a viagem:


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