quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Trilha na Serra do Lenheiro - São João Del Rei - MG

Contam os antigos que em idos tempos era nestas cercanias que os habitantes de São João Del Rei vinham se abastecer de lenha para seus fogões, vindo dai o nome Serra do Lenheiro. Apesar de ser uma área de natureza preservada, o fato é que a região fica bem próxima da área urbana do município. Tanto que muitas trilhas tem como ponto de partida ruas de bairros vizinhos, como o Tijuco. Seu perfil rochoso é perfeito para a prática de montanhismo, trilhas e rapel, motivo pelo qual o 11º Batalhão de Infantaria de Montanha de São João Del Rei a utiliza na instrução da tropa nas técnicas de combate em terreno acidentado.

Se por um lado esta proximidade facilita o acesso da população a uma área de lazer privilegiada, por outro expõe o bioma remanescente aos perigos da expansão imobiliária - muitas vezes mais interessada no lucro do que na preservação do ambiente natural. Como forma de proteger este patrimônio, desde 1993 boa parte da Serra do Lenheiro passou a integrar o Parque Municipal Ecológico. Embora a área coberta seja relativamente pequena, apenas 2.000 km², a demarcação deste espaço foi considerada uma vitória importante pelos conservacionistas.

Morro dos Três Pontões.


Veja estas e outras imagens no álbum Pinturas Rupestres na Serra do Lenheiro em nossa página no Facebook.

Para o alto e avante!


Como parte das atividades do II Encontro de Inverno de Blogueiros de Viagem a Rumos Em Rotas brindou os participantes com uma trilha no Morro dos Três Pontões, ao fim da qual uma surpresa nos aguardava. Devido a exiguidade do tempo, desta vez o deslocamento até o pé do morro foi feito de carro, mas normalmente o caminho é percorrido a pé e tem duração aproximada de 40 min.

Após uma rápida preleção sobre os cuidados a serem adotados no trajeto, incluindo um alerta especial sobre a possível presença de serpentes da espécie urutu, nativa da região, teve início a marcha para o alto. A trilha é de nível médio, com alguns trechos mais ingrimes, e extensão aproximada de 950 metros. Caminhando com calma, mesmo pessoas sedentárias e sem experiência podem realizá-la sem maiores problemas. Sempre é bom lembrar que este tipo de atividade requer um mínimo de equipamentos: calçado fechado com solado anti-derrapante, chapéu (ou boné) e água!

A subida é íngreme, mas vale a pena.

Em pouco tempo chegamos ao ponto alto da visita (literalmente!), as pinturas rupestres. De acordo com Miranda, o guia, não há um consenso sobre a datação destes desenhos. Os estudos já realizados sugerem que eles teriam sido feitos entre 6 a 9 mil anos atrás, por tribos indígenas que habitavam a região.

Pinturas rupestres, vestígios da presença humana na região há 9.000 anos.

Também não se sabe ao certo a motivação ou significado destes registros, compostos por figuras antropomórficas, zoomórficas e abstratas. Talvez façam parte de um ritual para favorecer a caça ou são apenas o relato das atividades cotidianas da tribo. No paredão rochoso pode-se identificar facilmente a representação de veados, lagartos e pessoas, as quais sugerem uma formação familiar.

Vista do mirante natural do morro dos Três Pontões.

Mas o quê teria levado estes habitantes ancestrais a subir até o alto daquele morro? Ao que parece o lugar funcionava como um ponto de observação, de onde facilmente se poderia avistar a aproximação de tribos inimigas ou de caça. O que sugere uma outra explicação para os desenhos: talvez algum vigia entediado tenha encontrado na arte uma maneira de matar o tempo que tinha de passar na tocaia.

Gostou? Este passeio faz parte dos roteiros oferecidos pela agência Rumos Em Rotas.


A equipe do GSMA fez a trilha da Serra do Lenheiro como cortesia oferecida pela Rumos Em Rotas por estar participando do 2º Encontro de Inverno de Blogueiros de Viagem - #eibv2.

Fonte:


SENTINELAS DA SERRA DO LENHEIRO. Nossa Serra do Lenheiro. São João Del Rei. Disponível em http://sentinelasdaserradolenheiro.blogspot.com.br/p/nossa-serra-do-lenheiro.html. Acessado em 25 ago. 2015.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

II Encontro de Inverno de Blogueiros de Viagens - São João Del Rei - MG


De 14 a 16 de agosto estivemos gastando sola em Minas Gerais, só que desta vez não foi apenas pelo prazer da viagem. O GSMA fez sua primeira participação num evento oficial, o II Encontro de Inverno de Blogueiros de Viagens - #eibv2.

Foram três dias intensos, com diversas atividades voltadas especificamente aos temas de turismo, viagens, produção cultural e profissionalização da atividade de blogueiro. A presença de representantes de diversos estados brasileiros enriqueceu e favoreceu a troca de experiência entre o grupo ali reunido por pelo menos dois interesses em comum: viajar e blogar!

A organização do encontro ficou a cargo de Antônio Rômulo Jr., do blog Retrip, e o local escolhido para as palestras foi o Garden Hill Hotel e Golf, um espaço dedicado ao lazer e relaxamento, mas que neste dia ferveu com a vibração da turma de blogueiros que aproveitou a oportunidade para rever velhos conhecidos e fazer novas amizades.

A programação incluiu duas palestras, uma com Cris Marques - do blog Dentro do Mochilão - e outra com  Fábio Lima - do Intrip Turismo de Experiência.

Cris Marques: Caminhos Alternativos


De forma bastante criativa e descontraída, Cris fez um relato de experiência sobre as formas que encontrou para gerar renda a partir do seu blog, a ponto de transformá-lo em seu trabalho atual. Segundo ela, é comum entre os blogueiros valorizar excessivamente o uso de publicidade como forma de monetização, enquanto existem inúmeras possibilidades que podem, e devem, ser exploradas.

Fábio Lima: Como fazer uma apresentação vendedora


A segunda palestra teve um caráter mais didático, quando Fábio Lima abordou um tema de grande interesse dos presentes: como fazer uma apresentação para captar recursos para projetos de conteúdo. Há diversas variáveis envolvidas no processo de elaboração, mas Fábio destacou a importância de determinar se a apresentação será feita na presença do prospectado ou remotamente como ponto de partida para direcionar o conteúdo do material. Para exemplificar, o palestrante apresentou o caso De Carona com Walentina, onde foram utilizados os princípios abordados durante sua fala.

Maria Fumaça que liga São João Del Rei a Tiradentes.

Turismo é cultura


Além da parte técnica propriamente dita houve também atividades culturais que serviram tanto para entrosar os participantes quanto apresentar algumas atrações oferecidas por São João Del Rei e Tiradentes.

Visita à Imperial Estanhos: a produção de artesanato em estanho é uma exclusividade são joanense, por isso nada melhor que conhecer esta preciosidade com quem é mestre no assunto. Na ocasião foi feita uma demonstração de como são produzidas as peças;
Arte em estanho,
exclusividade são joanense.

Passeio de Maria Fumaça: partindo de São João Del Rei e chegando a Tiradentes em grande estilo, num vagão de época puxado por uma charmosa locomotiva a vapor. Roteiro organizado pela Rumos em Rotas;

City Tour em Tiradentes: visita guiada a uma das mais bem preservadas cidades históricas do Brasil, seguindo o roteiro preparado pela Rumos em Rotas;

Assistir as Lendas São Joanenses: espetáculo que mistura um passeio noturno pelo Centro Histórico de São João Del Rei com a dramatização de contos populares. Quer saber mais? Dá uma olhada no post que fizemos sobre isto clicando aqui;

Trilha na Serra do Lenheiro: caminhada leve no Morro dos Três Pontões para conhecer as pinturas rupestres, datadas entre 6 e 9 mil anos de idade. Roteiro organizado pela Rumos em Rotas;

Almoço no Dedo de Moça: para encerrar os trabalhos em grande estilo, um almoço neste premiado restaurante cuja proposta é levar ao cliente os sabores da comida tradicional contemporânea.

Blogs que participaram do EIBV2


Ter participado deste encontro foi uma experiência muito positiva para a equipe do GSMA e esperamos ter também colaborado para o aprimoramento do grupo. Pelo carinho com que fomos recebidos, pelo empenho e pela dedicação para que tudo funcionasse a contento, deixamos aqui um agradecimento especial ao Antônio Rômulo Jr., bem como a Cris e ao Fábio que se dispuseram a partilhar sua experiência conosco.


Vista de Tiradentes, com a Igreja de Santo Antônio entre o céu e a terra.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Lendas São Joanenses - São João Del Rei - MG

Centro Histórico de São João Del Rei.

Ao caminhar pelas vielas de calçamento irregular de São João Del Rei o passante não se dá conta, mas refaz trajetos repetidos há centenas de anos por diferentes habitantes que também transitaram por ali. Alguns a passeio, outros apressados ou quem sabe ... enlouquecidos! Tanta história já passou por estas pedras que fica difícil conhecer todas elas. Mesmo assim há quem tente.

Inspirado pelos causos contados pelos antigos, o escritor e poeta são joanense Lincoln de Souza escreveu o livro Contam Que ..., uma coletânea de relatos assombrosos, místicos e misteriosos que tem origem no imaginário da população local. Nele o escritor registrou boa parte do rico patrimônio cultural que de outra forma acabaria se perdendo com o tempo. Em textos enxutos, aparecem personagens como D. Jacinta, que graças a sua crueldade acabou por dar nome ao bairro Segredo. Ou Mercês, uma jovem noiva enlouquecida pela dor da perda do noivo no dia do seu casamento. E ainda o defunto cujo corpo foi levado pelo Diabo!

Veja estas e outras imagens no álbum Lendas São Joanenses, em nossa página no Facebook.

Nas escadaria da Catedral de N. Sra. do Pilar.
Tendo por base estas histórias fantásticas e o cenário envolvente do centro histórico de São João Del Rei à noite, surgiu a ideia de realizar conduções turísticas noturnas juntamente com a encenação teatral das lendas. O projeto teve início em julho de 2007 e hoje encontra-se no formato atual com o título de Lendas São Joanenses. Apoiados por um carro de som, um grupo de atores trazem de volta a vida os personagens do livro, realizando performances nas escadarias da Igreja do Rosário, nas vielas e nos alpendres do casario antigo. O resultado é ótimo, pois tudo conspira para criar o clima de mistério que se instala em meio a platéia que vai acompanhando o espetáculo. Mas não se assuste, pois não se trata de um show de horrores. Mesmo as histórias mais macabras acabam ganhando um matiz suave graças ao bom humor empregado nas narrativas.

A organização fica por conta da Rumos Em Rotas, uma agência local que tem investido muito no desenvolvimento de estratégias para fomentar o turismo na região.




A equipe do GSMA assistiu ao espetáculo Lendas São Joanenses como cortesia por estar participando do 2º Encontro de Inverno de Blogueiros de Viagem.

Lendas São Joanenses


Onde: inicia no largo da Igreja do Rosário, em São João Del Rei - MG;
Quando: ocorre em datas pré-determinadas. Veja a agenda das apresentações no site da Rumos em Rotas (clique aqui);
Quanto: R$ 20,00 por pessoa.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Salto do Raizama e Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros - Alto Paraíso - GO

As noites na Vila de São Jorge costumam ser tranquilas e silenciosas, um pouco estranho para quem vive numa rua movimentada do Rio de Janeiro e se acostumou a dormir embalado por freadas e buzinas. Talvez por isso a primeira noite na Chapada dos Veadeiros tenha sido tão marcante e repousante. O fato é que bem cedo já estava a postos no refeitório da pousada pronto para saborear um café reforçado com tapioca, ovos mexidos e bruschetta. Como sabiamente dizia minha vó, saco vazio não para em pé e uma boa refeição é essencial para gastar sola por aqui.

No Espaço Infinito


A Trilha do Raizama começa no Sítio Espaço Infinito, localizado há uns três quilômetros da Vila de São Jorge. Confesso que estranhei um pouco o local, meio largado - como se diz lá no Sul quando a falta de conservação é evidente. Logo na entrada há um grande palco de madeira com ícones do rock dos anos 70/80 e logo a seguir as ruínas de uma construção semi-demolida e, aparentemente, abandonada.

Entrada do Espaço Infinito.

Passado o susto inicial fui perguntar ao guia o que era aquilo, afinal o aspecto do lugar destoava bastante das demais instalações turísticas que existem na região. Pelo visto não era a primeira vez que ele respondia a esta mesma pergunta, pois ele não tardou em explicar que o sítio era um local alternativo, assim como seu proprietário, voltado para o lado místico do contato com a natureza. Além disso, aqui também são realizadas festas e festivais de música.

Depois de uma rápida preleção do guia, seguimos em frente rumo ao Córrego Raizama e suas quedas. O percurso total da trilha é de 4 km, nível fácil a moderado, e seu traçado basicamente segue o curso d'água até chegar ao salto propriamente dito. Ao longo do caminho vão surgindo pequenas quedas que são verdadeiras hidromassagens naturais, bem como piscinas escavadas na rocha, propícias para banho. A água é límpida, mas um pouco fria - o que não chegou a ser um problema devido ao calor que fazia na ocasião.

A primeira parada foi nesta cascatinha, com uma bela piscina natural.

O trajeto é bem sinalizado e há trechos em que a caminhada é feita em estruturas de madeira mantidas pelo proprietário do sítio. Após passarmos pelo Salto do Raizama o caminho ficou estreito e foi preciso ter um pouco mais de atenção, mas a passagem foi bem tranquila. É neste ponto que o Raizama se encontra com o Rio São Miguel e há um mirante de onde é possível observar o Salto ao fundo, o cânion e as corredeiras. Um cenário realmente magnífico.

Corredeiras do Rio São Miguel.

Um pouco mais adiante as águas ficam mais tranquilas e o rio corre em meio a paredões de pedra. Esta é uma excelente área para banho, sendo que é possível mergulhar das pedras em alguns pontos. Depois desta parada refrescante seguimos pela trilha até alcançar novamente o ponto de partida. Pausa para um lanche reforçado e direto para o próximo destino.

Trecho do Rio São Miguel, entre as rochas.

Vale da Lua


A formação rochosa conhecida como Vale da Lua é realmente impressionante, mas o ponto alto desta visita - para mim! - foi sem dúvida a paisagem que emoldura o caminho. A trilha em si é de nível fácil e tem extensão aproximada de um quilômetro. Durante boa parte do trajeto é possível admirar a formação rochosa da Serra do Segredo. Já mais próximo do rio há um mirante natural, uma enorme pedra, onde se pode subir sem maiores problemas, perfeita para um tempo de contemplação da vista que se descortina a frente.

Panorâmica do cerrado, com a Serra do Segredo ao fundo.

Este vale é uma das atrações mais procuradas na Chapada dos Veadeiros e a visita pode ser feita sem a presença de uma guia, pois o caminho é bem sinalizado e não apresenta perigo. Entretanto, é bom estar atento as mudanças do tempo, principalmente no período de chuvas, para não ser surpreendido pela enxurrada.

Formações rochosas lembram uma paisagem lunar.

O nome Vale da Lua vem do aspecto peculiar das rochas arenosas escavadas pela ação da água do Rio São Miguel e também por sua cor acinzentada, que remete ao solo lunar. O lugar está repleto de crateras de todos os tamanhos, passagens subterrâneas, funis e moinhos. Para andar aqui com segurança é indispensável o uso de sapatos fechados, com solado anti-derrapante.

Ação da água é responsável pelo aspecto do lugar.

Em alguns pontos se formam bacias próprias para banho, algumas bem profundas. Por um lado é bom para os que gostam de saltar das pedras, mas por outro é bom ficar atento e somente se aventurar por ali se for um bom nadador.

Almojanta


Para quem não sabe, almojanta é uma refeição reforçada que se toma ao fim da tarde e faz as vezes de almoço e janta - dai o nome. Como os passeios começam cedo, são muitos os lugares para ver, as distâncias são grandes e nos levam para o meio da natureza fica difícil conciliar as refeições com horários regulares. Então a solução mais prática é fazer uma parada para um lanche por volta do meio do dia e uma bela refeição no retorno à pousada.

Veja estas e outras imagens nos links abaixo:

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Kina Zoré - Tchova Nyolo ou Nunca desista!

Paulo Cattelan com seu
exemplar do Tchova Nyolo.
Chegou hoje pelo correio um exemplar do disco Tchova Nyolo (Never Give Up) do grupo Kina Zoré, formado por moçambicanos residentes em Boston, nos Estados Unidos. Além de boa música africana contemporânea o CD traz um detalhe que, para nós do GSMA, é de grande importância: a ilustração utilizada na capa e no disco tem como base uma de nossas fotos - obtida durante uma estada em Moçambique e que ilustrou a matéria Tchova e o Burro Sem Rabo (clique aqui para ler a postagem).

O contato inicial foi feito por Hélder Tsinine em julho de 2014, após ele ter visto a publicação aqui no blog. Acontece que o tema principal do disco é baseado justamente no Tchova Xita Duma, um carrinho de tração humana amplamente utilizado em Moçambique para transportar de tudo!  Em tradução livre, significa Empurra Que Vai e acabou por se tornar uma expressão de incentivo para que o outro nunca desista, pois mesmo quando a carga parecer difícil de suportar é preciso continuar empurrando até que tudo dê certo.

O disco é composto por sete faixas que fazem referência a diferentes aspectos da vida e da luta do povo Moçambicano em busca de uma vida digna e paz. Destaque para  Tchova Nyolo, que dá nome ao disco e Moçambique, uma comovente canção de despedida que é também um tributo à terra natal do compositor.

Saiba mais sobre o Kina Zoré visitando sua página no Facebook (clique aqui).