Depois de um tempo de relativa inatividade aquela velha amnésia que acomete os trilheiros de montanha começou a fazer efeito e a vontade de voltar a ativa veio com força total.
Seguindo a sugestão de um amigo, optamos abrir a temporada com as Torres de Bonsucesso - um atrativo muito bacana, mas não tão conhecido como outros da região serrana do Rio de Janeiro.
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As torres, vistas da base |
Na verdade as torres são um imponente maciço rochoso com três picos que se salientam no conjunto: o Ferro de Passar Roupa, a Torre Central e a Torre Maior.
Antes de mais nada é preciso dizer que a trilha é sensacional, mas um pouco exigente em termos físicos. Infelizmente meu preparo não estava a altura do desafio e tive que interromper a subida próximo a primeira torre. Mesmo assim, posso garantir que vale a pena encarar esse desafio e já tenho como certo o retorno para espantar essa "mancha" do meu currículo!!
Como chegar
Siga pela estrada RJ-130 que liga Teresópolis à Nova Friburgo. Como não há sinalização específica indicando a entrada para as Torres, ao chegar na localidade de Bonsucesso (daí o seu nome) fique atento a uma rua que começa logo abaixo de uma igreja, que leva ao Vale dos Lúcios. Ao chegar numa bifurcação que tem um bar no meio, pegue à direita e entre numa estrada de chão batido com diversas propriedades rurais. No final dessa estrada há um estacionamento onde se deve obrigatoriamente deixar o veículo e pagar uma taxa ao proprietário. No dia, pagamos R$ 20,00.
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Rumo ao início |
A partir daí é preciso seguir por uns 500 m até o início da trilha propriamente dito. É fácil de localizar, pois fica junto às instalações de captação de água que abastecem a residência e as lavouras da fazenda.
Para o alto e avante!
A trilha tem início numa porteira e segue por uma mata fechada por quase dois quilômetros. Por um lado isso mantém a temperatura agradável e protege do sol forte (principalmente no verão!), mas por outro impede que seja possível apreciar o entorno. O caminho é, na maior parte, bem demarcado. Em alguns trechos a vegetação começa a tomar conta, principalmente trepadeiras que atrapalham um pouco a progressão. Também encontramos algumas árvores caídas sobre a passagem, fazendo parecer que está na hora da trilha passar por um manejo para conservação.
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Porteira que dá acesso à trilha |
Depois da mata vem um trecho ainda mais íngreme, cercado por um mato alto formado por samambaias e capim-navalha - cujas lâminas estava especialmente afiadas no dia ... Nessa parte os degraus foram cavados na terra e, quando molhados, ficam extremamente escorregadios. O lado bom é que a partir desse ponto começa a se descortinar uma belíssima paisagem, a qual pode ser apreciada a partir de alguns mirantes naturais mesmo antes de se alcançar a primeira torre.
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Torre Maior, vista de um dos mirantes |
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Localidade de Bonsucesso, vista do alto da trilha |
No dia em que fizemos a trilha estava muito quente e o sol era implacável. Inclusive a senhora que veio falar conosco no estacionamento disse que fazer a subida naquelas condições "era coisa de maluco!!". Como uma parte significativa do deslocamento é feita a céu aberto, fica a dica para escolher uma época do ano mais amena no quesito temperatura.
Ficha técnica |
Extensão: | em torno de 12.000 m (ida e volta); |
Localização: | Teresópolis - RJ |
Saída: | A partir de uma porteira numa propriedade rural |
Altura máxima: | 1.860 m acima do nível do mar - Torre Central |
Desnível: | aproximadamente 800 m até o Ferro de Passar Roupa |
Para ver o tracklog da trilha, clique aqui. É importante destacar que a trilha foi interrompida próximo a torre Ferro de Passar.
Falar sobre o nível de dificuldade de uma atividade como esta não é fácil, pois há vários elementos subjetivos que interferem na percepção do praticante, principalmente no que diz respeito a condicionamento físico e equipamento utilizado. Por isso, para padronizar as análises sobre trilhas, utilizamos a norma brasileira
NBR 15505-2 - Turismo com atividades de caminhada - Parte 2: Classificação de percursos.
Classificação do percurso
de acordo com a NBR 15505-2 |
Severidade do Meio: | 2 - Moderadamente severo |
Orientação no Percurso: | 2 - Caminho ou sinalização que indica a continuidade |
Condições do Terreno: | 3 - Percurso por trilhas escalonadas ou terrenos irregulares |
Intensidade de Esforço Físico: | 3 - Esforço significativo |
Análise da classificação
- Severidade do meio: em caso de chuva, extensos trechos tornam-se escorregadios; no verão, é alta a probabilidade de exposição ao sol e a temperaturas superiores a 32 °C; a trilha é deserta, não há casas, pontos de apoio ou uma estrada com fluxo de
veículos; o trajeto é feito quase que em sua totalidade por vegetação densa e em terreno irregular; não há pontos de captação de água potável;
- Orientação: o caminho não é bem sinalizado, mas o risco de desorientação é mínimo. Em alguns pontos a trilha fica encoberta pela vegetação e é necessário redobrar a atenção para não se desviar do percurso;
- Terreno: típico de montanha, com elevação significativa durante todo o percurso;
- Esforço físico: esteja preparado para uma subida constante, do início ao fim da trilha; faça paradas curtas sempre que necessário, mas não se demore demais no caminho.
Como referência, segue o tempo gasto nessa caminhada:
Subida |
Início: | 09:15 |
Chegada: | 12:20 |
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Retorno |
Início: | 12:36 |
Chegada: | 14:30 |
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Uma pausa para respirar
Terminada a trilha, há uma mesa e alguns bancos rústicos onde o pessoal aproveita para se recompor antes de retornar à civilização. Instantes antes de largar a mochila percebi que havia uma baita aranha no tampo da mesa, como se estivesse ali para alertar que sempre é bom manter os equipamentos fechados e verificar o conteúdo de botas e luvas antes de calça-los.
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Veja quem nos esperava no final da aventura ... |