quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Mina Jeje - Ouro Preto - MG

A notícia de que havia sido descoberto ouro nas serras das gerais correu como um rastilho de pólvora pela colônia, atraindo para a região milhares de aventureiros que acorriam em busca de fortuna.

Durante o auge do ciclo do ouro Vila Rica, como era chamada Ouro Preto nesta época, chegou a contar com 170.000 almas (o dobro da população atual), convertendo-se na cidade mais populosa das Américas.

A região se converteu numa Serra Pelada do Séc. XVIII, onde a exploração desenfreada trouxe muita riqueza, mas também muitos problemas. E como resultado deste fenômeno hoje existem 350 minas catalogadas na cidade, embora estima-se que este número ultrapasse a casa de 2.000 unidades, sendo que todas se encontram esgotadas.

Um pouco de história


O garimpo, embora primitivo, exigia conhecimentos especializados que os portugueses não tinham, por isso foram importados negros cativos que já praticavam a mineração em outros lugares para dar início ao processo produtivo.

Segundo o guia que nos acompanhou durante a visita o trabalho era extremamente penoso e consistia basicamente em escavar terra adentro, formando os túneis que hoje conhecemos. A escavação tinha que ser feita de modo a evitar os desmoronamentos, dai os túneis estreitos e abobadados, cuja altura era normalmente baixa. No caso da Mina Jeje a altura ultrapassa os dois metros em alguns pontos, sendo que em outros não chega a um metro e meio.

O entulho era carregado para fora em mochilas de couro que pesavam em média 40kg e tinha que ser feito sem ajuda de maquinário ou equipamentos. Todo o trabalho desenvolvido neste tipo de mineração foi baseado na força (sobre) humana dos escravos.

O processo de separação do ouro consistia em triturar o minério e lavá-lo em água corrente sobre pele de boi para que as pepitas, mais pesadas, ficassem presas entre os pelos do animal. Depois de algum tempo era preciso bater neste couro para recolher o resultado. Este serviço ficava a cargo dos escravos fracos e doentes que já não podiam mais trabalhar nas minas. Quando o escravo já não tinha forças nem para isto, dizia-se que não servia nem para dar no couro, dando origem a expressão popular que utilizamos ainda hoje. As condições de trabalho eram tão duras que a vida útil de um escravo era de aproximadamente 22 anos. E se você pensa que o ouro jorrava aos borbotões, saiba que o rendimento médio era de apenas oito gramas de ouro para cada tonelada de minério processada.

Visitas são feitas em grupos pequenos e acompanhados por guia.

Um tour debaixo da terra


A Mina Jeje entrou em operação em 1713 e fica em plena cidade, numa das muitas ruazinhas desniveladas de Ouro Preto. A entrada é basicamente um buraco num barranco ladeada por alguns barracões de madeira que servem para abrigar a bilheteria, o depósito de capacetes (uso obrigatório durante o percurso) e uma singela lojinha de souvenirs.

Por questões de segurança a visitação está restrita a um trecho de 150 m de extensão apenas, basicamente um corredor que vai morro adentro, mas serve bem para dar uma idéia de como funcionava a mina no século XVIII. O caminho é sinalizado e recebeu um eficiente sistema de iluminação elétrico, cuja luz serve para destacar os inúmeros nichos escavados nas paredes e onde eram colocadas as lamparinas que alumiavam os passos dos escravos.

Túneis se estreitam em alguns pontos.
Apesar de relativamente curto, o trajeto atinge uma profundidade total de 160 m, aproximadamente, devido ao relevo irregular da região. O passeio é totalmente seguro e dura em torno de meia hora. O ambiente abafado e sombrio pode não ser adequado para pessoas que tem problemas com lugares fechados.

Visita termina num "salão" formado após desabamento de parte do túnel.

O tour é finalizado numa área ampla, resultado de um desabamento ocorrido no período em que a mina ainda era produtiva.


Veja estas e outras fotos de Ouro Preto no álbum Circuito Cidades Históricas - Ouro Preto em Abaretiba, nossa página no Facebook.

Mina Jeje


Endereço: Rua Chico Rei, 391, Ouro Preto - MG
Ingresso: R$ 15,00
Atenção: Não recomendado para quem sofre de claustrofobia


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