A viagem
Saímos por volta das 12h30min do Galeão, no Rio de Janeiro, para um voo tranquilo de quatro horas até o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes em Manaus. Como há uma diferença de duas horas no fuso horário desembarcamos às 14h30min horário local. O aeroporto possui instalações amplas e confortáveis, resultado da reforma destinada a atender aos torcedores que visitaram a cidade por ocasião da Copa do Mundo de 2014.
Primeiras impressões
Aqui no eixo Rio-São Paulo, sempre que o assunto é Amazônia, via de regra o enfoque recai sobre aspectos relativos a flora, fauna, desmatamento, questões indígenas entre outros. Com isso nos acostumamos a pensar na Amazônia sempre do ponto de vista do bioma e acabamos por esquecer que ali também existem cidades e muita interação entre o homem e a natureza.
Talvez por isso minha primeira impressão sobre Manaus foi de que aquelas avenidas urbanizadas não deveriam estar ali e que toda aquela atividade tipicamente citadina estava fora de lugar. Mas foi só a primeira impressão, pois logo percebi que o errado nesta história era eu e que o Estado do Amazonas precisa de uma capital a sua altura!
Outra bola fora, fruto do desconhecimento, foi imaginar que o imenso rio que se avistava ao longe fosse o Amazonas, quando na verdade era o Rio Negro. Isso que dá não fazer a lição de casa direito antes de viajar.
Ponte Rio Negro, ligando Manaus a Iranduba. |
Felizmente o pessoal que nos apanhara no aeroporto já devia estar acostumado com estas questões e respondia a nossas perguntas com bom humor e simpatia. Assim ficamos sabendo que de fato a cidade de Manaus vem enfrentando um período de acelerado crescimento urbano e sofrendo com a decorrente especulação imobiliária. E que este processo teve um impulso considerável com a inauguração em 2011 da Ponte do Rio Negro, que liga a capital a Iranduba, uma vez que a facilidade de acesso permitiu a construção de diversos condomínios residências neste município.
Praia da Ponta Negra, no centro da cidade. |
Outro aspecto que cedo despertou nossa atenção foi a relação do amazonense com os rios que cercam, e servem, a região. Há diversos terminais de passageiros e uma grande Hidroviária na cidade. Isto sem falar na quantidade de pequenos barcos e canoas que se avista por toda parte.
A babel de barcos no Terminal A Jato. |
Destes terminais partem os motores (barcos de passageiros) com destino as cidades do interior do Estado, como Labreas e Parintins, e mais além, podendo chegar até Belém do Pará. As viagens costumam durar vários dias e a maioria dos passageiros se acomoda em redes no convés da embarcação. Através dos motores os ribeirinhos realizam mudanças, se abastecem com provisões e transportam quem necessita do atendimento médico inexistente em seu local de origem.
Vendo a vida passar. |
A natureza ao alcance da mão
Mas o Amazonas não é apenas Manaus e Manaus não é apenas cidade. Já na região metropolitana se pode perceber uma natureza exuberante que a cerca com rios, áreas de selva e um céu que pode trocar o azul profundo pelo aguaceiro num piscar de olhos.
Pôr do sol no Rio Amazonas, na região metropolitana de Manaus. |
Desta natureza onipresente vem a fartura que sustenta tanto o caboclo do interior como o manauara e vem se convertendo num item importante da gastronomia brasileira. O crescente interesse que os frutos da floresta vem despertando no setor gastronômico já ultrapassou as fronteiras brasileiras, tornando-os elementos importantes do cardápio tributário amazonense. Destaque para os peixes, tantos e de tão variadas formas e sabores que os mercados daqui destinam uma área específica para eles.
Manta de pirarucu salgado. |
Na escola ensinavam que pirarucu é o bacalhau brasileiro. Mas você já provou pirarucu? Se não, saiba que a versão salgada é apenas uma das formas de saborear sua carne e que o ventrecho deste peixe na brasa é um dos pratos mais apreciados pelo povo da terra. E não faltam motivos para isso, pois o sabor é realmente surpreendente.
Cuiu-cuiu, aspecto pré-histórico e sabor de primeira. |
Surpresa mesmo ficou por conta do Cuiu-cuiu, um peixe da família dos cascudos que possui um aspecto que lembra um animal pré-histórico, mas tem uma carne também muito apreciada pelos locais. O bicho é tão impressionante que num dos passeios que fizemos um exemplar acabou virando souvenir e hoje faz parte da coleção do GSMA.
Durante nossa estada no Amazonas recolhemos muitas histórias, informações e imagens que, a partir de hoje, publicaremos numa série de posts sobre temas específicos. Em nossa página do Facebook você já pode ir se deliciando com as fotos que postamos durante a viagem:
- Catedral de Nossa Senhora da Conceição: Igreja Matriz de Manaus, com mais de 300 anos de história;
- Teatro Amazonas: o luxo como a expressão mais significativa da riqueza de Manaus durante o Ciclo da Borracha;
- Flutuante dos botos: que tal nadar com um boto cor de rosa?;
- Passeio Encontro das Águas: o encontro dos rios Negro e Solimões é um dos pontos turísticos mais famosos de Manaus;
- Os peixes da Feira da Panair: uma feira como esta você não encontra em qualquer lugar!
Veja também estes outros posts sobre o Amazonas:
- Catedral de Nossa Senhora da Conceição: um pouco da história da igreja matriz de Manaus;
- Uma aventura inesperada: relato de uma experiência onde deu tudo errado e foi bom demias;
- Flutuante dos botos: a conclusão da aventura;
- O estranho caso da velha que explodiu: história contada pelo povo de Manaus - incluí um glossário manauara;
- Causos de viagem : a caldeirada de peixe: no meio da mata não tem supermercado;
- De Manaus a Varre Vento de barco pelo rio Amazonas: relato da viagem de barco que nos levou à floresta amazônica - e trouxe de volta!
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