Fachada da Matriz, dedicada à N. S. da Conceição. |
Um pouco de história
No ano de 1695 missionários carmelitas ergueram uma pequena capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição junto à Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro. Infelizmente não restam mais vestígios desta primeira ocupação, uma vez que ela foi demolida em 1781 para dar lugar a construção de uma outra, a qual nunca foi concluída. Por volta de 1786, por ordem do então governador Manuel da Gama Lobo de Almada, a obra inacabada foi demolida para que outra maior fosse erguida em seu lugar.
Em 1850 um violento incêndio reduz a cinzas a igreja e tem início um lento processo de reconstrução que chegaria ao cabo somente em 15 de agosto de 1878 com a benção e inauguração do templo com a configuração atual. Em 1946 é elevada a condição de Catedral.
Altar-mor visto a partir da nave principal. |
Por ser uma construção relativamente recente, a Catedral de Manaus possui um interior sóbrio, bem diferente daquele encontrado nas igrejas barrocas de Minas, por exemplo. Sua beleza singela se revela nos detalhes das pinturas e das estátuas que ladeiam o altar-mor. Boa parte dos materiais empregados em sua construção foram importados da Europa, inclusive os seis sinos que vieram de Portugal.
Detalhe do anjo sobre o altar-mor. |
300 anos de resistência!
Como se pode perceber a partir da análise da história da Catedral Manauara, sua trajetória até os dias de hoje tem sido marcada por derrubadas e reconstruções (seja em virtude de melhorias ou de sinistros), donde se pode concluir que sua existência revela o grande apreço que a população lhe devota e que isto a dotou de uma robusta capacidade de resistir aos sucessivos infortúnios.
Quando visitamos a igreja, em dezembro de 2014, era possível encontrar andaimes espalhados pelo local, como se estivesse ocorrendo alguma reforma. Entretanto, numa das colunas havia um aviso do IPHAN informando que as obras haviam sido embargadas devido a desconformidades em relação ao trabalho de restauro realizado.
Escadaria com os painéis da Via Sacra. |
Do lado de fora, duas escadarias em forma de lira conduzem os fiéis da praça ao átrio (a igreja está sobre uma pequena elevação). Ladeando estas escadas há um muro com painéis de azulejos representando as estações da Via Sacra. Infelizmente estes muros encontram-se em lastimável estado de conservação e ameaçam ruir, pondo em risco os passantes e os belos murais de azulejos.
Entre as duas escadas há uma área aberta com evidentes sinais de abandono. Como ela está subdividida por paredes de alvenaria, inicialmente julgamos que se tratava de bancas para comércio. Uma pesquisa posterior revelou que ali funcionava um zoológico e as divisórias eram na verdade as antigas jaulas onde ficavam confinados os animais. Com a transferência destes inquilinos a área ficou jogada a própria sorte.
Somado a isto o cenário caótico formado pelos camelôs alojados na praça e a balbúrdia do trânsito - há um terminal de ônibus com várias linhas ali - a impressão que se tem é de completo abandono. Uma lástima, pois se este recanto tivesse o tratamento adequado certamente seria um ponto turístico tão apreciado quanto o Teatro Amazonas.
O descaso do poder público é evidente, por isso talvez seja hora dos manauaras demonstrarem novamente seu amor pela Catedral exigindo que algo seja feito, antes que uma nova reconstrução entre para a história.
Veja estas e outras imagens em Abaretiba, nossa página no Facebook, no álbum Catedral de Nossa Senhora da Conceição.
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