O local ainda guarda muito da irreverência do artista. |
Foi por volta de 1990 que Selarón instalou-se junto à escadaria, em Santa Teresa, mas somente em 1994 deu início ao seu azulejamento. De início a obra não foi muito bem aceita pelos vizinhos, que estranharam a iniciativa do artista. Posteriormente, com o advento da fama, as coisas ficaram mais fáceis.
Casa onde funcionava o ateliê do artista. |
Considerando que são 215 degraus, com 125 metros de extensão, não há dúvida que se tratava de uma obra de fôlego considerável. Sem contar com patrocício ou subvenções públicas, Selarón utilizava os recursos obtidos com a venda de seus quadros aos turistas que começavam a frequentar o local justamente por causa de seu trabalho. Ele aproveitava estes contatos para pedir que as pessoas lhe enviassem azulejos de seus locais de origem, conseguindo assim uma imensa variedade de peças de todas as partes do mundo.
Hoje a escada é um ponto turístico consagrado. |
Enquanto vivo, Selarón manteve a obra em constante mutação. Segundo suas próprias palavras, ele só daria o trabalho por concluído após sua morte. Conforme ia recebendo novas remessas de azulejos, refazia os mosaicos de modo que dificilmente alguém que voltasse a andar por seus degraus os encontraria do mesmo jeito. Em 2005 a Escadaria foi tombada pela prefeitura e o artista agraciado com o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro. Após sua morte em 2013 as alterações cessaram e o trabalho finalmente foi dado como concluído.
Azulejos de diversas partes do mundo formam um verdadeiro mosaico nos degraus da escadaria. |
Painel com autoretrato do artista. |
A obra de Selarón é tão marcante que inspirou outras pessoas a seguirem seus passos. De acordo com o blog Mosaicos do Brasil, Jessie Audette, uma norte-americana que viveu alguns anos no Rio, levou a idéia para São Francisco, na Califónia, em 2004.
Além da escadaria Selarón possui outras obras espalhadas por Santa Teresa e Lapa, inclusive uma intervenção que foi tema do post Selarón e os Arcos da Lapa, aqui no blog.
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