Com a vitória de Estácio de Sá sobre os franceses em 1565, a Coroa Portuguesa retomou o controle da colônia e é fundada a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Cumprindo seu objetivo de ocupar a região, Estácio de Sá reparte a Ilha de Paquetá em duas sesmarias, dando posse a dois de seus companheiros de viagem: Inácio de Bulhões (a quem coube a parte norte, hoje conhecida como bairro do Campo) e Fernão Valdez (que recebeu a parte sul, atual bairro da Ponte). A sesmaria de Fernão Valdez desenvolveu-se rapidamente, enquanto Inácio de Bulhões preferiu instalar na parte norte a Fazenda São Roque, dedicada à produção agrícola e criação de gado.
Igreja de São Roque |
De Capela a Necrotério
Em 1697 é erguida na Fazenda São Roque o primeiro templo da ilha, a Capela de São Roque, em homenagem ao padroeiro de Paquetá. Sua inauguração solene foi um acontecimento e tanto, principalmente porque até aquela data quem desejasse participar de algum culto religioso necessitava atravessar a Baia de Guanabara e ir até Magé.
Bandeirolas enfeitam o "arraiá" na praça em frente a Igreja. |
Apesar dos esforços da população local a Capela continuou subordinada à Freguesia de Magé por muito tempo. Somente em 1728 ela obteve o privilégio de poder possuir uma pia batismal e também de poder guardar os santos óleos da Extrema Unção pois, até então, nenhum batizado podia ser realizado em Paquetá e nem os moribundos podiam receber os últimos sacramentos! Em fevereiro de 1761 obteve o privilégio de Capela Curada, podendo então guardar no sacrário o Santíssimo Sacramento e também contar com o seu primeiro Cura designado, o Padre Antônio Ramos de Macedo. Em 17 de agosto de 1912 a Capela foi doada para o Arcebispado do Rio de Janeiro.
Vista do interior da igreja. |
Com o passar do tempo, a construção inicial foi sendo acrescida e transformada até chegar ao seu estado atual, sendo que a última grande reforma ocorreu entre 1905 e 1910. Foi neste período que a parede atrás do altar recebeu o quadro do pintor Pedro Bruno representando São Roque e seu cão em Paquetá. Na paisagem retratada ao fundo é possível ver o famoso Poço de São Roque (que existe até hoje) e a parte frontal da igreja.
Apesar do ar bucólico que cerca o lugar, no passado a Ilha de Paquetá teve papel importante em diversos episódios históricos, alguns bastante sangrentos. Em 1893, por ocasião da Revolta da Armada, a Capela de São Roque funcionou como necrotério improvisado. Os cadáveres eram empilhados no chão durante o dia e à noite uma carroça os transportava para o cemitério local, onde eram sepultados em uma vala comum. Posteriormente no local foi erguido o Memorial da Marinha, em homenagem aos marinheiros ali depositados.
A reforma iniciada em 1905 teve como principal objetivo recuperar o que fora danificado em função deste episódio. O assoalho teve que ser trocado, uma vez que o anterior havia ficado impregnado pelas secreções cadavéricas e pelo sangue. Uma série de manchas mantinha viva na memória dos fiéis as imagens desagradáveis do episódio e as pessoas evitavam a todo custo pisar nelas, medindo os passos e se esgueirando pelos cantos, numa atitude pouco condizente com o caráter sacro do local.
Elixir do amor?
Mas nem tudo é dor e sofrimento. Não por acaso Paquetá é conhecida como a Ilha dos Amores e um dos motivos é justamente o poço localizado ao lado da Igreja de São Roque. Conta a lenda que quem beber daquela água cairá de amores por um abitante do lugar. Pelo sim, pelo o lugar costumava ser muito frequentado por aqueles que estavam sedentos de amor. Por motivos sanitários e de segurança o poço hoje encontra-se lacrado e a bomba nele instalado está fora de ação.
O que não impede que centenas de pares românticos frequentem as praias de Paquetá durante todo o ano em busca de um bom lugar para vivenciar o seu amor.
Fonte
Ilha de Paquetá : o bairro e sua história. Disponível em http://www.ilhadepaqueta.com.br/historia.htm. Acessado em 06 ago. 2014.A Igreja de São Roque. Disponível em http://www.webartigos.com/artigos/a-igreja-de-sao-roque/3170/. Acessado em 06 ago. 2014.
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